A música sempre esteve muito presente na tua vida. Com que idade é que descobriste que tinhas esta paixão e vocação?
Sempre tive a paixão pela música, isso sempre esteve presente. Até porque toda a minha família tem um pouco. A minha mãe toca piano e canta um bocadinho, o meu pai toca guitarra, o meu avô também canta… Portanto, tudo indicava que eu também ia gostar. No entanto, com 6 anos entrei para a ginástica acrobática e o meu foco era esse. Entrei no conservatório com 8 anos e já estava a aprender música nessa altura, mas, ainda assim, o meu foco era a acrobática. Só que, entretanto, com 11 ou 12 anos, sofri uma lesão e tive que sair. Um marco importante foi também a Eurovisão Júnior, em que participei com 13 anos. Foi o momento que me fez ver que era isto que queria fazer para a minha vida e me fez pensar: “eu só paro quando tiver num pavilhão deste género com o meu nome!”. E mesmo assim não paro, continuo (risos). Portanto, foi naquela fase entre os 11 e os 13 anos, em que desisti da acrobática e entrei na Eurovisão. Foi um marco importante que me fez acreditar e saber que era isto que eu queria fazer.
Entretanto, na escola, como referes, frequentavas o regime articulado do ensino artístico especializado. Foi fácil conjugar o conservatório e a escola?
Foi um bocadinho mais duro, até porque tive que mudar de escola. No colégio onde andava, por vezes, tinha que faltar às aulas para poder ir para o Conservatório. Com o regime de ensino articulado, era dispensada de certos tempos que serviam para ter a minha formação musical no Conservatório. Mas não é fácil, tínhamos muitas disciplinas! No entanto, acho que foi bom e trouxe coisas úteis para a minha vida. Ainda jovens, ensina-nos a fazer uma melhor gestão do nosso tempo, a fazer escolhas, a tomar decisões…. Foi algo que me trouxe, também, muita disciplina e que me ajudou na escola. Como não tinha muito tempo para estudar, prestava muito mais atenção nas aulas e estudava de uma forma mais eficiente. Se me perguntarem se foi fácil, digo que não. Mas, com força de vontade, arranjamos sempre forma e tudo se faz.
«Gostei imenso de trabalhar com o Ivandro, quando ele mete a caneta no caderno mete mesmo o coração»
Quando é que percebeste que, se calhar, consegues fazer uma carreira da música? Sabemos que ingressaste este ano no Ensino Superior, mas a música continua a ser o teu foco, certo?
A música é o meu plano A, sem dúvida. Tenho a certeza que é isto que quero fazer. Quis avançar para a licenciatura fruto da disciplina que sempre tive, já desde mais nova, aquele pensamento de que tudo se faz. Vamos a tudo, tudo se faz, temos é que nos adaptar. Baseio-me sempre nisso na minha vida. O The Voice foi também uma grande lição para mim, aprendi muito. E a Universal ter assinado contrato comigo foi aquele selo de “isto é mesmo para acontecer”.
A Eurovisão Júnior e o The Voice foram experiências que tiveste ainda muito jovem e te trouxeram alguma fama e exposição. Foi fácil lidar com isso naquela idade?
Foi tudo muito controlado. No caso da Eurovisão Júnior, foi mais lá fora que senti. Eram mais os estrangeiros que me conheciam do que propriamente os portugueses. Com o The Voice já senti um bocado mais porque é um programa visto por grande parte dos portugueses. Mas não foi nada do outro mundo e não me atrapalhou com nada. Havia pessoas na rua que me vinham pedir fotos ou que me perguntavam se era a Rita do The Voice ou da Eurovisão, outras até me conheciam pelas minhas músicas, mas tudo muito calminho.
Lançaste recentemente o single Toque, uma música escrita por ti e pelo Ivandro, com uma vibe um pouco diferente da tua habitual. Como está a ser a receção a este novo tema?
Estava com algum receio, porque tenho noção que não tem nada a ver com o que já lancei até agora. Enquanto artista, apesar de ter assumido um determinado estilo com as músicas que já lancei, quero fazer muitas coisas e coisas diferentes. Acho que a minha essência pode estar presente em qualquer estilo de música. Sou uma pessoa muito versátil no que toca à minha playlist, vou desde o reggae à música clássica, ao rap... Consigo sempre encontrar qualquer coisa em todos os géneros para ouvir e gostar. Até posso manter-me no pop, mas dentro do pop há tanta coisa! Podem esperar isso de mim, gosto de experimentar coisas novas. E a resposta do público tem sido muito fixe, têm gostado muito. Sentem realmente que é uma música mais madura, mais sólida. Esta música é um mood, como costumo dizer. Por enquanto a receção tem sido ótima.
«Foi [a Eurovisão Júnior] mesmo um marco enorme para mim e, sem ele, não seria a pessoa que sou hoje»
A Toque é uma música com um grande foco na letra. Era uma preocupação na criação desta música?
É sem dúvida algo mais poético. Não é uma letra tão superficial ou tão “geral” quando comparada com outros dos meus temas. Gostei imenso de trabalhar com o Ivandro, quando ele mete a caneta no caderno mete mesmo o coração. É um artista e uma pessoa incrível. Quando ouvimos a Toque em comparação com a Jump, por exemplo, sentimos que não tem nada a ver não só em estilo, mas também no processo de criação e na mensagem que passam. Este novo single é um pouco mais sóbrio, mais focado na letra e não tanto nos artifícios da música, o que torna a música um bocadinho mais especial.
E esse é o tipo de vibe que podemos antecipar deste teu próximo EP? Ou vai ser um projeto a mostrar essa tua versatilidade?
Vai ser um projeto mais homogéneo, não vai ser uma mistura tão grande, até porque estamos a sair do verão e a entrar no outono/inverno, uma altura mais cozy, mas íntima... Por isso, podem esperar mais essa vibe deste EP. Há uma música que pode destoar um bocadinho, porque ainda não quero dizer já xau ao verão, ainda temos uns sunsets (risos). Mas vai ser, sem dúvida, um EP mais calmo e intimista.
«É um pouco mais sóbrio, mais focado na letra e não tanto nos artifícios a música, o que torna a música um bocadinho mais especial»
Para finalizar, já tiveste a oportunidade de trabalhar com grandes nomes como o Ivandro ou o Diogo Piçarra. Qual é aquele artista com quem sonhas ainda um dia vir a trabalhar?
Isso para mim é muito difícil! É das piores perguntas que me podem fazer (risos). Há tantas opções... Ok, vou dizer um nome. Dentro das enormes escolhas que poderia fazer, gostava muito de trabalhar com o Richie [Campbell]. É um dos grandes da música portuguesa. Gosto muito do facto de ele internacionalizar a música portuguesa, porque também gostava de, depois de Portugal, chegar lá fora. Tenho uma enorme paixão por cantar em inglês, até é mais fácil para mim do que cantar em português. E também adoro o trabalho mais antigo dele. Trabalhar com ele seria muito fixe! Não é o único, mas é um dos grandes artistas com quem gostaria de trabalhar.