A cantora e influenciadora digital Diana Monteiro, que começou a sua carreira enquanto membro da banda feminina ‘Just Girls’, nos Morangos com Açúcar, quer apostar na sua carreira profissional e ir atrás dos sonhos na música, a sua grande paixão.

Como surgiu a mudança para o nome artístico Dianna? 

Em Portugal, a Diana Monteiro já existe há muitos anos e mesmo quem não sabe quem é, o nome soa-lhe a qualquer coisa. Eu sei que tenho um percurso muito longo em Portugal e queria desassociar-me para uma coisa nova. A Diana da música não é aquela Diana que as pessoas estão habituadas a ver na televisão, ou a dos morangos, dos projetos e novelas que fiz. Vai renascer uma Diana nova, que se vai envolver num projeto novo e que não tem nada a ver com aquilo que as pessoas conhecem. Continua a ser a Diana, mas agora com dois n´s. 

Qual é a tua nova sonoridade? 

Para mim, já não é bem nova, porque já estou a fazer este tipo de sonoridade desde 2019. Lancei o primeiro single em 2019. O ‘Como antes’, é um pop latin, não é um reggaeton só nem um pop latin só. A música que eu faço é música latina com uma fusão de tudo aquilo que eu gosto na música latina e que com que eu cresci em casa, porque a minha família é espanhola. 


 

Eu canto para mulheres e a minha mensagem é de não nos resignarmos com aquilo que
a sociedade nos impõe na maioria das vezes


 

O que é que o EP Oro representou para ti? 

Esse Ep fala de uma emancipação tanto minha como aquilo que eu quero passar na minha mensagem às mulheres. Eu canto para mulheres e a minha mensagem é de não nos resignarmos com aquilo que a sociedade nos impõe na maioria das vezes. Eu sofri muito com a pressão da sociedade enquanto mulher. Os quatro temas do EP têm uma mensagem diferente: o Mulher fala dos rótulos que as mulheres sofrem; o Solteira é um grito a dizer que eu estou bem solteira, que faço o que eu quiser; o Oro sou eu a falar para um homem é dizer que sou de ouro; e o Player é uma mensagem a falar diretamente com outra mulher. São quatro músicas que falam muito da realidade que nós vivemos todos os dias como mulheres. 

É nesta linha que continuas a querer escrever?  

Eu escrevo sobre aquilo que estou a viver no momento, e estou a viver uma fase em que quero alcançar tudo aquilo que preciso na minha vida para ser feliz que não fiz por mim durante muitos anos, por estar sempre agarrada a esses mitos da sociedade, de ter de ter uma relação, pensar em filhos. Eu faço tudo muito verdadeiro nas minhas músicas, sou eu que as escrevo, portanto é a minha mensagem. Mas nem sempre tudo o que eu escrevo é só sobre mim ou tem a ver comigo. Já escrevi para amigas sobre o que elas estavam a viver. Nesta sociedade, todos somos julgados e o que me importa passar nas minhas músicas é que o julgamento precoce, sem fundamento, mata muitas vidas e muitos sonhos.

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Esse julgamento da sociedade condenou ou matou alguns dos teus sonhos? 

Nunca matou os meus sonhos porque eu sempre lutei por eles. Eu tive de me afastar de muita coisa na minha vida que me estava a transformar numa coisa que eu não era. Eu já começava a pensar em coisas que na realidade não eram aquilo que eu queria, mas que a sociedade espera que faças um dia. 

Ao olhar para o teu Instagram, reparei que é mais um espaço de partilha profissional do que pessoal… 

Eu já fui a artista/ influenciadora que partilhava tudo aquilo que sentia, era muito precipitada, apaixonava-me e partilhava. Mas isso levou-me a um sítio muito escuro da minha vida. Acho que precisas de algo que é só teu, principalmente quando estás numa vida tão exposta, em que as pessoas sabem tudo. Optei por ter um Instagram mais virado para a minha arte, para aquilo que eu faço, com muito do meu lifestyle porque as minhas seguidoras gostam, e isso faz parte. 


 

"Todos os dias aqui são de muita luta. Todos os dias conheço pessoas, tenho reuniões,
faço contactos, vou para estúdio"


 

O teu mais recente single Amistad Sabrosa surgiu de uma forma diferente, certo? 

Eu estava numa fase em que desde o EP em que não lançava nada porque estava a preparar-me para viver em Miami e investir na minha carreira, e não ia lançar nada enquanto não estivesse aqui. Só que eu gosto de ir partilhando música no meu Instagram e fiz um reels a cantar uma música que me surgiu e toda a gente pediu para lançar o tema. E gravei, com a facilidade de que não preciso de ninguém para fazer a minha música, porque eu escrevo os meus temas, componho-os, tenho a minha própria editora discográfica, que fundei há cerca de dois anos, e a sorte é que tenho uma editora e consigo lançar quando quero. É o primeiro tema que num mês bate recordes pessoais no spotify. Nunca tinha tido um tema que fosse ouvido tão rapidamente como este.

E a tua ida para Miami foi motivada pela vontade de encontrar um espaço diferente de Portugal, onde houvesse menos barreiras? 

Sim! Eu vim cá em 2017 pela primeira vez, estive um mês a gravar com outras pessoas e o meu cérebro expandiu 30%. Eu cheguei a Portugal sem saber o que fazer com toda esta vontade e garra, porque aqui as pessoas não pensam pequeno. Elas estão na América, toda a gente se permite sonhar, as pessoas aqui não têm medo de dizer o que querem fazer, se querem ser a número 1. As pessoas passam-te isso e tu vens de um país tão incrível como Portugal, mas onde as pessoas acham que se tivessem algo já é suficiente. Eu vinha viver para cá em 2020 e só não tive essa oportunidade porque ficámos presos pela pandemia. Mas lancei o meu EP, e quando vim, vim mais preparada, ainda com mais garra. 

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Qual é o futuro em Miami? 

Não tenho nada planeado a nível de tempo para ficar aqui. Vim com coisas muito concretas, com pessoas para trabalhar aqui. Vou lutar, lançar coisas cá, tentar crescer aos poucos. Todos os dias aqui são de muita luta. Todos os dias conheço pessoas, tenho reuniões, faço contactos, vou para estúdio. A minha ideia é ficar cá a gravar o álbum e lançá-lo. 

Quais as maiores dificuldades que encontras em Miami? 

As maiores dificuldades são as saudades dos meus. E as pessoas aqui, no primeiro contacto, não são simpáticas contigo e vão ver o que tens para dar, para onde queres ir, se vale a pena investir em ti. Tens de contar uma história, ter um storytelling muito bom, tens de saber bem quem és. 


 

A música tem de chegar às pessoas e as pessoas têm de a consumir, é isso que faz um artista


 

O foco é apenas na música? 

É a nível artístico, mas eu não estou a fechar portas a nada, porque do nada a tua vida aqui pode mudar. O foco é a música e é para isso que estou a trabalhar, mas tenho de fazer muitas coisas cá num nível empreendedor.

Que mensagens deixas a jovens que querem um futuro na música e não sabem como podem lá chegar? 

Os jovens hoje têm tudo o que precisam para serem grandes. Têm distribuidoras digitais ao alcance deles. Criem uma página no Spotify e ponham músicas no YouTube, promovam-nas nas redes, comecem a contruir uma fanbase, e vejam como as pessoas reagem. Agora há todo um mundo onde podem dar-se a conhecer, começar a vender a sua própria música. Põe a tua música cá para fora, porque o mais importante é o público, e se o público gostar vai seguir, ouvir, vai estar contigo. Eu própria cometi muitos erros porque não fazia o tipo de música que gostava, e nunca mais arrancava. A música tem de chegar às pessoas e as pessoas têm de a consumir, é isso que faz um artista.