O Colibri é o serviço disponibilizado pela Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e Tecnologia à comunidade académica e científica nacional, sendo utilizaado por estudantes e docentes das instiuições de ensino superior portuguesas. Depois de um segundo semestre onde o ensino a distância foi a norma, este serviço viu a sua utilização crescer em quase 4000%. O gestor do serviço da Unidade FCCN, Nélson Schäller, explica quais os principais desafios e os passos dados para responder a este aumento acentuado de solicitação. 


 

As condicionantes resultantes da pandemia Covid-19 e a consequente suspensão de atividades letivas presenciais colocaram novos desafios ao serviço Colibri. Qual a dimensão desse desafio?
O efeito da pandemia do Covid-19 levou a uma elevada procura da comunidade por plataformas de colaboração e comunicação digitais, tanto síncronas como assíncronas. Neste contexto, o serviço Colibri passou a ter uma procura acentuada, como ferramenta de suporte ao ensino a distância, para fazer face ao isolamento, manter as atividades letivas e aproximar as pessoas agora em regime de teletrabalho. A sua utilização passou a ser crucial para substituir as atividades letivas presenciais realizadas anteriormente em ambiente de sala de aula.

 

E como avalia a resposta dada, tendo em conta as necessidades dos estudantes, professores e investigadores?
Penso que, em termos gerais, conseguimos adaptar todos os serviços às reais necessidades da comunidade, de forma rápida, ágil e reativa, num novo contexto e realidade para a qual ninguém estava preparado. A Unidade FCCN tomou, desde logo, medidas para dar resposta a esta elevada procura da comunidade. Foi realizado o reforço progressivo do serviço, tanto ao nível da infraestrutura como de licenciamento da plataforma, de forma a ir ao encontro das necessidades da comunidade académica nacional.

Além dos desafios tecnológicos, esta pandemia implicou ainda uma dimensão humana, no sentido em que foi necessário passar a apoiar, de um dia para o outro, milhares de alunos, professores, investigadores e equipas técnicas, que foram forçados a uma mudança repentina nos seus hábitos de utilização destas ferramentas. Este facto disparou os pedidos de suporte para a nossa equipa, através dos mais variados canais de comunicação (e-mail, telefone, tickets, mensagens, etc).

 

 


 

 «Em comparação com o primeiro quadrimestre de 2019, registamos um crescimento do número de reuniões na ordem dos 3956%, contabilizando um total de 396.069 reuniões realizadas e 7.270.632 participantes»


 

 

Existem alguns números que ilustrem esse aumento de utilização?
A utilização diária do serviço Colibri atingiu valores nunca antes registados. Em comparação com o primeiro quadrimestre de 2019, registamos um crescimento do número de reuniões na ordem dos 3956%, contabilizando um total de 396.069 reuniões realizadas e 7.270.632 participantes. Durante o último mês de maio a plataforma contabilizou 409.748 reuniões e um total de 5.842.315 participantes. Neste momento, contamos com mais de 80.000 utilizadores registados no serviço. Os gráficos de utilização podem ser atualmente consultados via dashboard, no site da FCCN.

 

Qual o feedback recebido por parte da comunidade de Educação e Investigação? 
Em termos gerais, o feedback recebido tem sido bastante positivo e pode ser verificado também pelos comentários e posts que têm sido partilhados nas redes sociais pela comunidade RCTS [a rede nacional de investigação e ensino]. Penso que o contacto de maior proximidade com a comunidade também tem sido benéfico, principalmente no apoio e suporte na resolução de dificuldades de utilização do serviço, bem como na apresentação de soluções alternativas adaptadas às necessidades dos utilizadores e instituições aderentes.

 


O que é o Colibri?
O Colibri define-se como um serviço que disponibiliza um ambiente propício para a realização de aulas e reuniões à distância. O serviço permite realizar sessões de videoconferência com capacidade para 300 participantes por sessão. É possível a partilha de áudio, vídeo, texto, imagens, quadro branco e ecrã.
As sessões podem ainda ser gravadas, para registo e disponibilização posterior, através do serviço Educast.


 

 

De que forma é que o Colibri está adaptado às necessidades da comunidade de Educação e Investigação? Houve adaptações realizadas, durante o momento de contingência?
O serviço já era bastante utilizado como ferramenta de suporte a aulas, reuniões de trabalho e tutoria online. Neste momento, a sua utilização extrapolou essas utilizações e está até mesmo a ser utilizado para defesas de mestrado e doutoramento, e inclusive como ferramenta de monitorização de exames online. Devido à utilização massiva do serviço tiveram de ser tomadas algumas medidas suplementares, nomeadamente o reforço do licenciamento em 1111%.

Foi também necessário fazer um reforço progressivo da infraestrutura ao nível do front-end do serviço. Neste sentido, foram adicionados novos servidores de forma a balancear o acesso dos utilizadores ao serviço, de forma a assegurar os elevados pedidos de acesso ao Colibri.

Durante esta fase de pandemia foi ainda necessário proceder a alterações ao nível da autenticação federada RCTSaai, passando a conceder licenciamento “Pro” apenas para docentes e staff das IES nacionais. Os alunos passaram a ter as suas contas limitadas a reuniões de 40 minutos e um máximo de 100 participantes.

 

Pensa que este aumento será totalmente contextual? Ou pensas que a contingência acabará por levar muitos docentes, estudantes e investigadores a “descobrir” as mais-valias deste serviço?
Claramente, este aumento deve-se aos efeitos do confinamento da população portuguesa e, mais em particular, das instituições de ensino superior e de investigação nacionais. Estas foram obrigadas a encontrar formas alternativas de manter as suas atividades letivas, tentando assim minimizar ao máximo os efeitos colaterais que esta pandemia trouxe em termos curriculares e académicos. Penso que a utilização do serviço, depois da pandemia, será mais reduzida, mas é expectável que nunca mais volte aos seus valores iniciais, visto que o serviço passou a ser utilizado regularmente por mais de 80.000 utilizadores a nível nacional.

 

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«Devido à utilização massiva do serviço tiveram de ser tomadas algumas medidas suplementares, nomeadamente o reforço do licenciamento em 1111%»


 

 

Qual é a visão de futuro para o projeto Colibri? Quais serão os próximos passos?
O futuro do Colibri parece promissor e a sua utilização, adoção e apropriação por parte da comunidade aponta para que continue a ser uma das ferramentas de comunicação síncrona mais utilizada a nível académico. Pretendemos chegar a cada vez mais instituições, alunos, docentes e investigadores e continuar a servir a comunidade RCTS com uma oferta de serviços variada, que vá ao encontro com as suas necessidades educativas.

Para o futuro, pretendemos melhorar a integração do serviço com as plataformas de suporte ao ensino a distância mais utilizadas, assim como melhorar a sua articulação com os restantes serviços disponibilizados pela FCCN, como por exemplo o Educast. Neste âmbito, destaco a integração do Colibri com o Moodle via LTI, que já se encontra disponível e facilita a criação e agendamento de reuniões, diretamente nos cursos e disciplinas, sem necessidade de sair do Moodle.

Estamos também a preparar alguns projetos piloto para o serviço que serão apresentados durante o 2º semestre de 2020, que irão oferecer uma série de novas funcionalidades. Destaco a possibilidade de requisição do serviço de webinars a pedido, para eventos institucionais de maior dimensão, que tenham como requisito a participação de mais de 300 participantes e um número máximo de 1000. A nível interno, estamos também a explorar as novas capacidades das Zoom Rooms para salas dedicadas de videoconferência nas instalações da FCCN.

Do ponto de vista da comunicação, estamos ainda a preparar o lançamento de um novo site de ajuda, que será apresentado em breve à comunidade. Este portal irá disponibilizar informações atualizadas sobre o serviço, novidades, boas práticas de utilização e segurança, equipamentos compatíveis, entre outras informações.