Pequenas ou grandes, da Madeira ou da América do Sul, os detalhes são indiferentes. As cascas da banana são altamente eficientes na remoção de metais pesados de águas contaminadas, nomeadamente do mercúrio, um metal muito tóxico para a saúde e para o ambiente. 

A descoberta foi realizada por um grupo de cientistas da Universidade de Aveiro e partilhada hoje por esta instituição de ensino superior, em comunicado.  O grupo de investigação descobriu igualmente que as cascas da banana são eficazes na remoção de outros metais tóxicos como o chumbo ou o cádmio.

As cascas são formadas por celulose, lenhina e hemicelulose, materiais com grupos funcionais que captam os metais tóxicos da água. No caso específico do mercúrio, as cascas são as campeãs da limpeza, explica a investigadora Elaine Fabre: "O que as diferencia dos outros materiais biológicos [que
também são formados por celulose, lenhina e hemicelulose] é que as mesmas são mais ricas em grupos de enxofre e o mercúrio tem elevada afinidade por esse elemento”.

 

Os investigadores Bruno Henriques Cláudia Lopes Elaine Fabre Paula Fijpg

Os investigadores da UA responsáveis pela descoberta


Publicado na revista Science of the Total Environment, o trabalho mostra que, para tratar 100 litros de água contaminada com 0,05 miligramas de mercúrio, e de forma a atingir-se a concentração permitida para águas de consumo humano, que é de 0,001 miligramas de mercúrio por litro, seriam necessários apenas 291 gramas de cascas.

A aplicação de cascas de banana para remoção de mercúrio são várias, avançam os cientistas de Aveiro: estações de tratamento de águas residuais, em efluentes industriais, ou mesmo em qualquer outro sistema que contenha águas contaminadas ou até em casos de água da torneira, água do mar ou água de efluentes industriais. "Os resultados mostram um potencial muito promissor na aplicação das cascas em sistemas reais”, aponta a investigadora.

O trabalho com as cascas de banana envolveu, além de Elaine Fabre, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), CICECO – Instituto de
Materiais de Aveiro e LAQV-REQUIMTE, os cientistas Cláudia Lopes, Eduarda Pereira, Carlos Silva, Carlos Vale, Paula Figueira e Bruno Henriques.