Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) revela que quase 20% dos estudantes universitários do ensino superior público do Porto podem sofrer de dependência de jogo, também designada de "vício do jogo". Esta dependência é atualmente classificada como uma doença mental.

O trabalho recentemente publicado envolvou 1123 estudantes, com uma idade média de 22,4 anos. Dos participantes, 3,1% apresentava "critérios de dependência de jogo", com 16,6% a mostrar "sinais de probabilidade acrescida de jogo patológico". Estes valores são considerados superiores à "prevalência estimada em adultos por parte da Organização da Mundial da Saúde (OMS) e aos números indicados noutros estudos realizados em Portugal", indica o estudo.

A maioria dos estudantes que participaram no inquérito joga habitualmente jogos de azar (66,4%), nomeadamente jogos online e jogos de vídeo (52,9%), raspadinhas (36,8%) e lotaria (26,3%), seguindo-se as apostas desportivas. O estudo aponta ainda que "cerca de 8,2% já gastaram mais de 100 euros em jogos num só dia".

Os jogos que envolvem mais risco de patologia de jogo estão relacionados com "moedas virtuais, as apostas desportivas, a lotaria e o jogo de cartas “a dinheiro”. 

De acordo com os investigadores da FMUP e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde estes resultados são "preocupantes", pois "quase um em cada cinco estudantes do Ensino Superior público do Porto pode apresentar dependência de jogo".

O estudo conclui sugerindo a implementação de programas de educação, prevenção e rastreio junto dos mais jovens, sobretudo nas escolas. Acrescenta ainda a necessidade de melhorar a literacia financeira, um maior envolvimento dos pais e "o reforço da regulamentação sobre a publicidade ao jogo e da proteção do jogador"