A sua vida foi uma luta contínua, espelhando um dos períodos mais críticos da história de Portugal e da Europa. Amélia de Orleães era uma mulher elegante, amável e culta. Como mãe, foi uma educadora atenta e exigente, preparando os filhos para cargos que não exerceriam. Parecia também ser a esposa ideal de D. Carlos. Graças à sua iniciativa, foram modernizados os setores da saúde e assistência social e foram criadas diversas instituições. No entanto, a última rainha de Portugal nunca conseguiu conquistar (a maioria d’) os portugueses, tendo ficado conhecida pela rainha mal-amada.

Em 'Amélia de Orleães', biografia da autoria da historiadora Margarida Durães, que chegará às livrarias a 19 de julho, ficamos a conhecer o retrato ímpar e a vida desta rainha de que tanto terás ouvido falar nas aulas de História. Margarida Durães é professora aposentada de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade do Minho. Atualmente é investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM,
Universidade do Minho).

Trata-se de uma biografia de rigor historiográfico, apresentando os acontecimentos por ordem cronológica de modo a atrair a atenção do leitor e a fazê-lo partilhar, tanto quanto possível, das emoções da vida da biografada. É desenvolvida uma narrativa centralizada em D. Amélia, nunca permitindo que ela passe para segundo plano; expondo e não impondo; perseguindo e valorizando detalhes ínfimos; por último e não menos importante, procurando a verdade, «porque uma biografia não é um romance».

Graças à sua iniciativa modernizaram-se os setores da saúde pública e da assistência social em Portugal, estando a sua memória associada a várias
instituições criadas durante o seu reinado, sendo de destacar o Dispensário de Alcântara (1893), o Instituto Bacteriológico de Lisboa (1892), a Assistência Nacional aos Tuberculosos (1899) e os sanatórios instalados por todo o país. No ramo das artes, como grande apreciadora do nosso património histórico, devem-se-lhe muitos restauros e objetos que se encontram nos palácios e museus portugueses e, sobretudo, a criação do Museu dos Coches (1905).
A 1 de fevereiro de 1908 presenciou o assassinato do marido e do filho mais velho, e, no dia 5 de outubro de 1910, foi obrigada a partir «do país ao qual tudo tinha dado, tudo tinha sacrificado e que todas as dores e todas as amarguras lhe tinha feito sofrer». Faleceu em outubro de 1951 no Château Bellevue, em Versalhes. Os seus restos mortais foram trasladados para Portugal, onde lhe foram prestadas as últimas homenagens, como rainha de Portugal, antes de serem depositados no Panteão dos Braganças, ao lado do marido e dos filhos.