Foi bem junto ao rio Tejo que o quarto dia da Academia IPSantarém 360º começou, a meros passos das plácidas águas do maior rio da Península Ibérica. Por vezes, a melhor forma de apresentar os projetos de investigação que a Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) acolhe é mesmo ir para o terreno e pôr as mãos na água.
Foi o que sublinhou o subdiretor da ESAS, Igor Dias: “aqui junto ao Tejo, um dos ex-libris da cidade de Santarém, vão poder assistir a atividades que exemplificam o trabalho dos nossos cursos”.
Por um lado, os investigadores Raquel Saraiva e Artur Saraiva orientaram os participantes numa atividade de medição da qualidade da água. Nas palavras deste docente da ESAS, “podemos medir vários parâmetros que nos indicam a qualidade da amostra”. Desde medir o pH do Rio Tejo, até analisar o seu oxigénio dissolvido, todos puderam participar neste exercício que permite monitorizar e avaliar a salubridade de qualquer meio aquático.
Por sua vez, os professores João Oliveira e João Gago demonstraram o que é a pesca elétrica, uma técnica utilizada principalmente “em trabalhos de biologia e ecologia”. Consiste simplesmente em ministrar um choque elétrico aos peixes e outro tipo de animais aquáticos, atordoando-os, permitindo assim a sua análise no âmbito de uma amostragem de um determinado leito fluvial. Assim, sem matar os espécimes que pretende estudar, esta técnica “permite ao investigador apanhar as espécies, medir e estudar, e depois soltar”.
Do rio para o campo, neste caso o campus da ESAS, foi Luís Coito, do Gabinete de Comunicação da ESAS, quem apresentou a oferta formativa desta escola. Um pormenor que destacou foi que “a academia é muito importante para a investigação e, na ESAS, para além do ensino prático, também damos muita importância à investigação”. Já o subdiretor Igor Dias, depois de reforçar as boas-vindas aos participantes, deu alguns exemplos: “na escola, temos uma fábrica de insetos, para testar diferentes aspetos deste novo alimento”, havendo em curso vários projetos de investigação e ainda uma start-up sobre este tema.
Divididos depois em três estações, os participantes da IPSantarém 360º foram convidados a conhecer mais de perto diferentes realidades da ESAS, em atividades práticas.
Numa sala de aula, puderam ter uma pequena experiência de Análise Sensorial, com uma prova de 3 colas e de 2 tipos de batata frita. O objetivo, segundo os professores Helena Mira e Luís Cunha, era simplesmente “despertar os sentidos para a prova”, no sentido de “a partir de agora, vão ter uma análise diferente dos alimentos”. Os refrigerantes e as batatas fritas foram escolhidos por serem produtos mais apropriados à idade dos jovens, até porque “os produtos são lançados em função de diferentes públicos-alvo”. Das 3 colas, a análise de cada grupo foi muito variada, com alguns a sublinhar o sabor doce de uma ou a quantidade de gás de outra, e sempre com resultados diferentes de quem gostava mais de qual e porquê. No final, Helena Mira explicou: “Assim, já podem justificar porque é que gostam mais de uma coisa do que de outra”.
O Percurso Zootécnico foi conduzido pela docente Helena Lalanda, que é também a veterinária da escola. Para esta professora, a importância deste tipo de atividades, para além de divulgar a oferta da ESAS, consistem em “contactar com as condições que os nossos alunos têm” e assim permitir compreender o que é o ensino superior agrário. Helena Lalanda levou então cada grupo a conhecer os diversos espaços dedicados aos animais da ESAS.
O prato forte foi, para muitos estudantes, a cavalariça, até porque o projeto da ESAS é muito particular. Como explicou Helena Lalanda, “só temos cavalos de uma raça portuguesa aqui do Ribatejo: o cavalo Sorraia”. Esta é uma raça que, a nível mundial, conta apenas com 300 exemplares, muitos deles no estrangeiro, uma vez que, pelo seu comportamento dócil e pequeno tamanho, são ideais para escolas de equitação. Aliás, “a escola tem esta dupla função: a prática desportiva e de bem-estar, com aulas de equitação e hipoterapia, e também a preservação desta raça autóctone”.
O passeio passou também pela vacaria, onde foi possível observar a chegada das vacas para a sua alimentação e consequente “sesta”, e, seguidamente, pelos campos onde pastam as ovelhas e as cabras.
Outro tema abordado foi o da agricultura de precisão e de como a tecnologia pode ajudar ao desenvolvimento das culturas agrícolas. O exemplo utilizado por António Palminha, docente do curso de Agronomia, foi o trator da ESAS, que está equipado com GPS, o que permite que o trator esteja em piloto automático e que cubra todo o terreno pretendido.
Com Raquel Saraiva e Artur Saraiva, foi também possível aprender sobre a utilização de drones na agricultura de precisão. O drone agrícola vem equipado com variados sensores, que permitem obter todo o tipo de informação detalhada sobre o terreno em questão. O trabalho do agricultor, então, analisando estes dados, permite uma aplicação mais eficaz e eficiente da rega e de outros produtos.
Durante a tarde, a Academia IPSantarém 360º rumou ao Complexo Aquático de Santarém, famoso de Norte a Sul do País pela sua dimensão e pelas suas atrações. Entre escorregas e piscina de ondas, os nossos participantes puderam aproveitar uma tarde de convívio e lazer, antes de rumarem ao Complexo Andaluz para um jantar de despedida, que incluiu porco no espeto e a animação constante que marca as equipas do Politécnico de Santarém.
Quem também marcou presença foi João Moutão, presidente do Instituto Politécnico de Santarém, que aproveitou para sublinhar a importância de “dar a conhecer aquilo que fazemos no nosso instituto e sermos um instituto de portas abertas”. A Academia IPSantarém 360º tem esse nome precisamente para permitir “dar a conhecer essa riqueza de áreas de estudo do Politécnico de Santarém”.
Também Isabel Barroso, administradora dos Serviços de Ação Social (SAS) do Instituto Politécnico de Santarém, manifestou o seu contentamento com os resultados desta Academia, sublinhando a importância “do envolvimento de todos”, com o desejo de “continuar a receber-vos e a receber jovens do País inteiro”.
Continuando com a boa disposição, a “noite havaiana” pôs toda a gente a dançar, no pátio da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém (ESGTS). Como o último dia da Academia IPSantarém 360º passará por esta escola, ficou a festa como aperitivo das atividades da ESGTS.