Em 2023/2025, os estudantes David Costa e David Ribeiro elaboraram um projeto teórico que ligava desporto e saúde mental, no âmbito de uma das unidades curriculares do mestrado integrado em Fisioterapia. No ano letivo seguinte, na cadeira de “Projeto Comunitário”, foi possível criar um projeto concreto. Nascia assim o AtivaMente, um projeto que, explica a docente Carla Mendes Pereira, tem como objetivo “focar a saúde do cérebro ainda antes que os problemas neurológicos aconteçam e seja precisa uma resposta”. A docente acrescenta que o programa foi desenhado e implementado pelos estudantes com o auxílio de um painel consultivo.
Num contexto em que distúrbios ligados à saúde mental são crescentes, nomeadamente no contexto dos estudantes do ensino superior, o AtivaMente está aberto a todos os estudantes matriculados no Politécnico de Setúbal e procura reduzir os níveis de ansiedade e depressão, através do exercício físico, técnicas de relaxamento e de uma componente educacional, conforme explica a docente Ana Beatriz Alves. “O projeto tem como objetivo alcançar uma mudança sustentada nos estudantes – neste momento, temos cerca de 10 estudantes a participar no projeto e a perspetiva será, em edições futuras, aumentar a dimensão”.
AtivaMente procura reduzir os níveis de ansiedade e depressão, através do exercício físico, técnicas de relaxamento e de uma componente educacional.
Para David Costa, o projeto tem sido uma oportunidade de explorar uma área muito relevante e importante. “Tem sido possível perceber que estamos a ajudar estudantes”, conta, acrescentando ser “sempre gratificante sentir que os utentes estão a melhorar”. Deixa ainda uma ressalva: “O nosso objetivo não é substituir um psicólogo ou um psiquiatra, é oferecer mais uma estratégia complementar que pode ajudar”.
Para outra das estudantes que está a dinamizar o projeto, Ana Carvalho, esta tem sido “uma oportunidade de colocar em prática tudo o que aprendemos ao longo dos quatro anos do curso”. “Enquanto estudantes, sinto que temos um papel muito ativo neste projeto, o que nos faz desenvolver muitas competências em áreas como comunicação ou investigação”, acrescenta.
Os estudantes David Costa, Ana Carvalho e David Ribeiro.
A mesma opinião é partilhada por David Ribeiro. Trabalhador-estudante e enfermeiro de profissão, David conta que esta experiência lhe está a trazer “um impacto muito positivo”, funcionando como um espaço terapêutico em que é possível “parar, refletir e aplicar estratégias”, num ambiente que “promove o que, por vezes, está em segundo plano – cuidar de nós”. “Penso que as instituições de ensino superior poderiam apostar numa abordagem preventiva, contínua e integrativa da saúde mental”, realça, antes de concluir: “É um problema real, que está a aumentar e em que são necessárias novas respostas”.