É um radar, mas não serve para monitorizar a velocidade dos automóveis nem o espaço aéreo. Monitoriza, isso sim, emoções. O aparelho funciona através do envio de uma onda rádio que é refletida pelo tórax da pessoa monitorizada. Este eco recebido de volta pelo aparelho permite monitorizar o ritmo respiratório. Através deles, e com recurso a algoritmos de classificação, o radar consegue identificar três emoções: o medo, a alegria e um estado neutro, onde nenhuma emoção em particular está a ser sentida, explica a Universidade de Aveiro, em comunicado.

“Num futuro próximo pretende-se detetar também com o radar o sinal cardíaco”, explica a investigadora do Instituto de Telecomunicações (IT) da Universidade de Aveiro, Carolina Gouveia. Com o auxílio deste sinal vital, antevê a cientista, “para além de termos mais informação que permita classificar ainda com mais precisão as emoções mencionadas, pretendemos avaliar também a possibilidade de identificar outras emoções como o nojo e a tristeza”.

 

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Radar das emoções funciona através do envio de uma onda de rádio  (Créditos: UA)

 

trabalho foi publicado pela revista Biomedical Signal Processing and Control da Elsevier e é assinado por Carolina Gouveia, e também por outros investigadores da UA e dos demais centros de investigação, entre eles Ana Tomé, Filipa Barros, Sandra Soares, José Vieira e Pedro Pinho.

 

Que aplicações? 

Em contexto clínico, exemplifica Filipa Barros, este radar “poderá constituir um meio complementar de avaliação, diagnóstico e monitorização de algumas perturbações que têm associadas alterações fisiológicas”. A tecnologia poderá ainda ser especialmente útil nos casos em que esta avaliação é especialmente difícil, como hipersensibilidade ao toque ou da Perturbação do Espetro do Autismo.

Para além disso, explica a UA, o radar das emoções poderá ser utilizado em muitos outros contextos, como no da investigação criminal ou no ramo automóvel (de forma a evitar acidentes derivados da automaticidade associada à condução).

 


 

Com recurso a algoritmos de classificação, o radar consegue identificar três emoções: o medo, a alegria e um estado neutro

 


 

 

A principal vantagem desta nova tecnologia é o facto de possibilitar a recolha de sinal sem ser necessário contacto direto com as pessoas, o que facilita a obtenção de medidas objetivas. Sobretudo, sublinha Filipa Barros, “nos contextos de saúde mental, onde este tipo de medida é frequentemente difícil de obter e em muito enriqueceria a avaliação, diagnóstico e controlo da eficácia da intervenção”.

Saliente-se que o radar das emoções nasce de novas aplicações desenvolvidas e instaladas no Bio-Radar, um radar nascido em 2017 na UA e que, através de ondas rádio, permite registar à distância a frequência respiratória humana.