É o próprio criador do jogo, Jordan Mechner, que nos conta toda a história, no seu e-book The Making of Prince of Persia. Se é verdade que o príncipe se tornaria um herói moderno de videojogos e seria até interpretado por Jake Gyllenhaal num blockbuster de verão, em 1985, tudo era diferente: “Ele existia apenas como alguns rabiscos no meu caderno de linhas amarelo”. Seriam estes rabiscos que resultariam no videojogo que, conforme recorda a plataforma Moby Games, “é visto como um progenitor do género de videojogos cinematográficos de plataformas” – uma ilustre categoria onde podemos encontrar títulos como Half-Life (1998), Tomb Raider (2000) ou, mais recentemente, Uncharted e Assassin’s Creed (2007).
Este tipo de jogos, explica um dos utilizadores da plataforma NeoGAF, são “jogos de aventura e ação, com forte ênfase no realismo e na apresentação”. A mecânica de jogo, acrescentam, é normalmente de tentativa e erro, com protagonistas frágeis, animações detalhadas e narrativas simples. Todos estes elementos podem ser encontrados em Prince of Persia, que retirou o foco nas mecânicas “de correr e saltar”, explorando elementos de jogo como o survival ou a exploração de ambientes complexos. O enredo é realmente simples. O vilão Jaffar rapta a princesa, com o objetivo de roubar o trono da Pérsia. Não satisfeito, atira o nosso protagonista para os calabouços do palácio. É aqui que Prince of Persia inclui um pequeno detalhe adicional que resulta numa maior dose de realismo. Temos uma hora para salvar a princesa. Nem mais um segundo. O que faz com que cada regresso ao início do nível aumente a tensão do jogador.
Todos estes elementos levaram Prince of Persia a ser considerado um marco na história dos videojogos. Depois de algumas versões para diferentes sistemas operativos, em 2003, a Ubisoft comprou os direitos da série e lançou o bem sucedido Prince of Persia: Sands of Time, oferecendo ao príncipe uma terceira dimensão. Depois de um novo título em 2010 (e de um filme no verão do mesmo ano), a Ubisoft, em 2013, uma pausa na saga, com o objetivo “de lhe dar tempo para descansar”.
Em 2018, a modelo Chrissy Tiegen publicou um tweet em que referia o jogo: “O Prince of Persia ainda existe? Adorava esse jogo”. A resposta chegou rapidamente e veio da parte do próprio Jordan Mechner. “Conheço outras pessoas que sentem o mesmo”, assegurou o criador, antes de garantir: “Estamos a fazer o melhor que podemos para que [o regresso] aconteça”.