Foi no dia 9 de setembro que a ONG "Ajuda em Ação" reuniu quatro convidados para realizar a terceira sessão das Conversas Online, tendo por base a preocupação de pais, professores e alunos neste regresso à escola, explicam, em comunicado enviado às redações. Com a moderação de Fernanda Freitas, a sessão teve como tema "Regresso às aulas em pandemia: desafios sociais e digitais".
Um dos principais temas debatido relacionou-se com a desigualdade no acesso ao ensino a distância. Para o assessor da Direção do Agrupamento de Escolas de Camarate, David Botas, "o ensino a distância não serviu para todos os alunos", acentuando desigualdades sociais. "Os mais pobres, os mais vulneráveis, os mais frágeis, foram as primeiras vítimas da exclusão social na escola, porque não tinham ligação à Internet, porque não tinham computador", reforçou o representante da Agência Nacional Erasmus+, Manuel Fernandes.
Estas desigualdades não se ficam pelo acesso, conforme alertou o fundador do projeto Fundakit, Roger Meintjes. De acordo com um estudo realizado pela Ajuda em Ação Espanha, "62% das crianças das 37 escolas inquiridas não possuem competências digitais básicas, como, por exemplo, fazer uma pesquisa simples no Google, e apenas 32% têm competências digitais suficientes para acompanhar as aulas, mas de uma forma muito superficial". Nesse sentido, a representante da Ajuda em Ação Galiza, Lorena Boga, considerou que “a maioria destes alunos teve um retrocesso no seu processo educativo devido a esta brecha digital e à falta de competências digitais”.
Os desafios sociais e emocionais
A conversa passou depois pelos desafios sociais que se aproximam. Para Manuel Fernandes, será necessário recuperar a "centralidade" da escola ao nível da transmissão de conhecimentos, da proteção dos alunos ou da satisfação de necessidades básicas como a alimentação. Outro dos desafios passará por equilibrar as recomendações sanitárias e o bem-estar e convívio dos estudantes em espaço escolar, recordou David Botas.
De igual forma, regressar às aulas em pandemia acarreta consequências para o bem-estar de muitos adultos e crianças. “Por um lado, presenciamos a felicidade por poder voltar à nova normalidade e, por outro, a preocupação e o medo em relação ao risco de contágio e aos novos casos que possam surgir quer entre os professores, quer entre os alunos”, referiu Lorena Boga. É, por isso, fundamental que se assegure o bem-estar socioemocional de toda a comunidade educativa, mas, sobretudo, dos alunos, sublinhou David Botas, destacando um projeto que a Ajuda em Ação dinamiza no seu agrupamento que tem como objetivo "tranquilizar as crianças dentro da medida do possível e na preparação para o cumprimento das novas regras impostas na escola".