Mais conhecido pelos amigos por Super Homem, Ricardo Fernandes, é o exemplo de que com garra e dedicação chegamos onde for preciso. Nasceu no bairro da Cova da Moura e sempre foi “um miúdo problemático” mas viu no Kickboxing uma saída que o “agarrou à vida”.
Ricardo “Super Homem” Fernandes
Nasceu num dos bairros mais problemáticos da região de Lisboa, na Cova da Moura, Damaia, mas é verdade quando afirmam que “na Cova da Moura há Ouro”. Ricardo Fernandes é um desses muitos exemplos.
Depois de passar pelo Judo e Futebol, descobriu que o KickBoxing era a sua verdadeira paixão. Teve como primeiro treinador o seu pai, aos 16 anos. Quatro meses mais tarde já competia na categoria sénior. Dos 9 combates em que participou ganhou 9, um recorde incrível para um miúdo de 16 anos - até hoje foi o único a conseguir o feito.
Estudar e competir não foi fácil, mas hoje, aos 26, afirma que os seus tempos de escola, quando “dava muitas dores de cabeça às professoras”, foram essenciais para definir o homem, lutador - em todo o sentido da palavra - que é hoje.
Com o passar dos anos, a sua paixão pelas artes marciais foi aumentado tendo competido em Kung-Fu, Muay Thai e Kickboxing.
Chave de todo o sucesso? Esforço, dedicação e respeito mas, acima de tudo, humildade.
Ouro na Rússia
Foram vários os títulos que conquistou, mas há um que nunca lhe sairá da memória, por todos os motivos e mais um, o do título de campeão mundial de Kickboxing.
Em 2009, ao derrotar o atleta russo Batu Khasikov, consagrou-se campeão mundial. O título, esse, fora disputado no palácio dos desportos de Elista, na república da Kalmykia (Rússia) sob o olhar de cerca de 9 mil a 10 mil espectadores. Curiosamente, cidade esta capital do xadrez, desporto que muitas vezes Ricardo compara ao Kickboxing por ser extremamente estratégico.
Uma das suas, muitas, imagens de marca é o uso dos calções de Super-Homem. “Sempre gostei de super heróis, tinha calções do Batman, Homem Aranha, mas o meu favorito sempre foi o Super Homem, daí ter ficado conhecido por esse nome”, comenta, divertido.
Paralelamente ao desporto, o atleta sempre teve um papel activo na sociedade sendo animador social em centros de crianças problemáticas. “Tento que os miúdos entendam que a vida é dura mas há sempre uma solução e que, quando queremos uma coisa, temos de batalhar por ela para sermos bem sucedidos. Às vezes, com pouco fazemos muito”, remata.
Questionado sobre o futuro, afirma que apenas quer continuar a dedicar-se ao seu desporto de eleição, viver a vida feliz e ser o melhor pai possível. Trocar o Kickboxing só mesmo pelo Futebol…
A importância do canto
Um ringue é composto por, entre outras coisas, cordas e cantos. Cada atleta tem direito a um canto, sendo um azul e o outro vermelho. É neste canto que são assistidos os atletas, ou seja, recebem água, descansam e recuperam para o próximo round. Segundo o atleta mundial, o seu canto é o mais importante pois conta com a presença de duas pessoas muito importantes, para si no mundo do Kickboxing, os treinadores João Vasco e Inocêncio Ramos. “Sem eles nada era possível, são eles que me ensinam, motivam e me dão força para continuar” afirma orgulhoso.
O poder da música
Na Tailândia, país originário do Muay Thai, os combates mais importantes têm algo muito original e diferente do resto do mundo: música ao vivo.
Para Ricardo Fernandes “é fabuloso competir quando temos uma orquestra ao vivo a acompanhar os nossos movimentos. Se o combate está a decorrer de forma mais rápida a música acelera, nos momentos mais calmos a intensidade da música diminui”. Toda esta dinâmica faz com que a adrenalina aumente e o combate seja ainda mais emocionante.
Toda esta tradição existe há centenas de anos e o Muay Thai é visto como um desporto rei, que atrai milhares de espectadores.
Esta sua experiência inesquecível aconteceu aquando do seu combate para o Campeonato do Mundo de Muay Thai na Tailândia, onde arrecadou uma medalha de bronze.
Diferenciar o Muay Thai do Kickboxing
O Muay Thai é uma arte marcial que teve início na Tailândia, sendo um desporto de eleição neste país asiático. A modalidade difere das restantes artes como o Boxing, Karaté, entre outras, sendo a principal diferenciação o uso de pontapés ao tronco e à cabeça e a possibilidade de usar golpes de cotovelos.
Kickboxing é, basicamente, a junção de duas palavras em inglês “Kick” (pontapé) e “Boxing” (socos). Da modalidade divergem várias disciplinas: o Full-Contact: boxe normal e pontapés só acima da cintura (ou para a cabeça ou para o tronco) e o Light contact: Boxe normal e pontapés acima da cintura, mas sem potência.
“Quem deve praticar Kickboxing?” – todos! É o desporto ideal para quem quer melhorar a sua forma física, ganhar destreza, coordenação, flexibilidade e rapidez.
As várias categorias do Kickboxing.
Tal como a maior parte das modalidades – exemplo da natação, do futebol, entre tantas outras – também o Kickboxing está dividido em diferentes escalões que se baseiam no peso.
Assim, os pesos são:
- <51 kg
- <54 kg
- <57 kg
- <60 kg
- <63,5 kg
- <67 kg
- <71,8 kg
- <75 kg
- <81 kg
- <85 kg
Técnicas utilizadas no Kickboxing (Socos):
- Jab – Ou soco. É, basicamente, o nome utilizado para um soco normal direito.
- Cross – Ou soco cruzado.
- Hook – Ou gancho.Este é um dos socos mais potentes utilizados.
- Upper cut – Igualmente potente, este soco é dado de baixo para cima atingindo o adversário no queixo.
Técnicas utilizadas no Kickboxing (Pontapés):
- Front kick - Ou pontapé frontal tem como principal função parar um ataque e preparar o lutador para um segundo golpe;
- Round kick - Ou pontapé circular. É a técnica mais utilizada no boxe tailandês e é conhecido como o “rei de todos os pontapés”. Este só pode ser aplicado na cabeça, coxa ou na canela do adversário;
- Spin back kick - Ou pontapé de remoinho traseiro. O movimento deste pontapé é quando o lutador dá uma volta sobre si mesmo e acerta no adversário com o seu calcanhar. Género Dragon Ball.
Agradecimentos – Aos dois animadores Gonçalo Guiomar e Miguel Potes por toda a colaboração e Ginásio Cacém Fitness no Atlético Clube do Cacém.