Os mais atentos costumam dizer que a História tende a repetir-se, como se de um ciclo se tratasse. E, talvez seja por isso que as grandes obras da dramaturgia universal são recuperadas pelos contemporâneos para refletir sobre temas atuais. Um desses casos é Do Alto da Ponte, texto de Arthur Miller escrito durante os anos infames do Macarthismo e da "caça às bruxas" e que aborda o medo, a traição, a delação, a imigração ilegal e as escolhas difíceis. A obra chega agora ao palco do Teatro Nacional São João (TNSJ), numa encenação de Jorge Silva Melo, e estará em cena de 8 a 25 de novembro.
No centro de Do Alto da Ponte encontramos Eddie Carbone, um estivador que trabalha nas docas entre a Ponte de Brooklyn e o pontão onde começa o mar. Entre imigrantes italianos, Arthur Miller – dramaturgo norte americano influente que ajudou a transformar o palco num lugar de conflito e pensamento – cria uma imagem ameaçadora que enquadra e escurece este drama passional que vive de dilemas morais. No entanto, Jorge Silva Melo admite que recupera a peça para falar dos dias de hoje: "Sem receios, sem dogmas. Cruamente, como Miller nos convida".
Com este espetáculo, os Artistas Unidos iniciam uma demorada contemplação da obra de Arthur Miller, como fizeram recentemente com Harold Pinter, Luigi Pirandello, Bertolt Brecht e Tennessee Williams. Do Alto da Ponte – numa tradução de Ana Raquel Fernandes e Rui Pina Coelho – é uma coprodução da companhia com o Teatro Viriato, São Luiz Teatro Municipal e TNSJ. A peça pode ser vista à quarta-feira e aos sábados, às 19h00; na quinta e sexta-feira, às 21h00; e aos domingos, às 16h00. Estão asseguradas legendas em inglês e os bilhetes podem ser adquiridos entre os 7,50 euros e os 16 euros.
(Foto de Jorge Gonçalves)
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