Para começar, temos de te explicar o que é um Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP). O CTeSP é um ciclo de estudos do Ensino Superior de 120 ECTS, não conferentes de grau académico e lecionados em Instituições de Ensino Superior Politécnico. Estes cursos surgiram em 2014 e com eles pretendia-se introduzir uma oferta educativa de natureza profissional no âmbito do Ensino Superior.
Os CTeSP são cursos com a duração de quatro semestres, caracterizados por uma forte componente prática (70% do tempo de curso são disciplinas de formação técnica, com os restantes 30% a ser dedicados à teoria). A conclusão do mesmo, com aproveitamento, leva à atribuição do diploma de técnico superior profissional – um diploma de nível 5 no Quadro Nacional de Qualificações (QNQ).
Os CTeSP são “cada vez mais procurados por alunos que pretendem adquirir conhecimentos mais técnicos e direcionados para o mercado de trabalho”.
Na conclusão do curso, vais ter a oportunidade de frequentar um estágio, que é obrigatoriamente assegurado pela Instituição de Ensino Superior (IES) numa empresa que desenvolva atividade na tua área de profissionalização. De acordo com dados do site da Direção-Geral de Ensino Superior (DGES), existem atualmente em Portugal 1110 CTeSP em Portugal, ministrados em 134 instituições de ensino públicas e privadas.
Para que te possas candidatar a um CTeSP, o prazo está dependente da IES à qual te queres candidatar. Fica atento às plataformas para saber quando as inscrições abrem e vê quais são os requisitos necessários para que consigas efetuar a tua candidatura, porque estes podem diferir de instituição para instituição.
No que toca ao valor das propinas destes cursos, este também pode variar consoante a IES onde te inscrevas. Desde 2023 que o valor da propina máxima se encontra fixado nos 697€ e a mínima em 495€. Além disso, os alunos que frequentam os CTeSP podem ser abrangidos pelas bolsas de ação social da DGES, tendo assim os mesmos direitos que os estudantes de licenciatura e mestrado na altura de efetuar a candidatura a uma bolsa de estudos.
O que dizem os números sobre os CTeSP
Em 2023, a Fundação José Neves (FJN), revelou que o número de diplomados de CTeSP quase duplicou desde 2017. A publicação explica que os CTeSP são “cada vez mais procurados por alunos que pretendem adquirir conhecimentos mais técnicos e direcionados para o mercado de trabalho”.
Os dados mais recentes, libertados pela DGES em março de 2020, indicavam um crescimento de 21% no número de alunos inscritos em CTeSP quando comparado com o ano letivo anterior (2018/19), perfazendo um número de 10.025 novos inscritos.
Prova disso são os dados revelados pela FJN no seu Insight, que mostram que, desde o ano letivo 2017/18, o número de diplomados destes cursos tem visto um crescimento contínuo, sempre superior a 11%, com a única exceção a ser 2020/21 onde o aumento foi de 8%. O Insight revela ainda que no ano letivo de 2020/21, mais de 6% dos diplomados do Ensino Superior tinham concluído CTeSP, com as áreas das ciências empresariais, engenharia e técnicas e afins e a informáticas a serem áreas de destaque.
Outro dado relevante é que estas formações têm sido portas de entrada no Ensino Superior. Numa reportagem publicada em 2019, o jornal Público notou que “quase dois terços dos alunos” que entraram nestas formações de dois anos, prosseguiram os seus estudos, continuando para uma licenciatura. Estas informações tinham por base dados recolhidos juntos das IES, que mostravam que, no ano letivo de 2016/17, 65% dos estudantes que concluíram um CTEsP, se inscreveram numa licenciatura no ano seguinte.
Contudo, também se verificaram desistências. De acordo com estatísticas do site Infocursos citadas pelo Público, “18% dos alunos que entram num CTeSP não se encontravam no ensino superior um ano depois”. Isto significava que um quinto dos estudantes teria desistido da sua formação superior.
Uma oferta em crescimento
Os dados mais recentes, libertados pela DGES em março de 2020, indicavam um crescimento de 21% no número de alunos inscritos em CTeSP quando comparado com o ano letivo anterior (2018/19), perfazendo um número de 10.025 novos inscritos. Os dados deste serviço central do Ministério da Educação estimavam que, no ano letivo de 2019/20, o total de alunos inscritos nestas formações superiores superava os 15.500 alunos.
Em 2019, o antigo secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, responsável pelo lançamento dos CTeSP, explicou que o “objectivo dos CTeSP não era ser um canal de acesso ao ensino superior”
A mesma nota chama à atenção para um aumento “consolidado” das novas inscrições nos CTeSP desde 2014/15. São destacados cursos das “áreas dos sistemas digitais, gestão e administração”, dos quais o número de inscritos correspondia a “52% do total de novos inscritos em 2019/2020”.
Na plataforma do Ministério da Educação, Infocursos, os números mais recentes sobre a frequência dos CTeSP são referentes ao ano letivo de 2022/23. Sobre estes cursos no “Ensino Superior Público”, podemos ver que o número de estudantes manteve a tendência de crescimento, totalizando 15.622 inscritos, com a maioria dos inscritos a ser homens (65%).
E onde é que estavam estes alunos um ano após iniciarem o curso? Aproximadamente 67% continuavam “inscritos no mesmo par estabelecimento/curso”. Encontravam-se “inscritos noutro curso do mesmo estabelecimento” 3,6% e 2,7% inscreveram-se noutro estabelecimento. Apenas 27% dos alunos não se encontravam no Ensino Superior Nacional no ano seguinte.
No “Ensino Superior Privado”, os inscritos em CTeSP superavam os 5 mil inscritos. Aqui, a “Distribuição dos alunos inscritos por sexo” registou um aumento nas mulheres (40% dos alunos inscritos) e uma redução de 5% nos homens (60% dos alunos inscritos).
Os CTeSP são cursos com a duração de quatro semestres, caracterizados por uma forte componente prática (70% do tempo de curso são disciplinas de formação técnica, com os restantes 30% a ser dedicados à teoria).
A níveis percentuais, os dados na categoria “Onde estavam os alunos 1 ano após iniciarem o seu curso?”, apresentam-se semelhantes ao da situação no “Ensino Superior Público”, com quase 67% “Inscritos no mesmo par estabelecimento/curso”.
A licenciatura a seguir ao CTeSP
Concluíste o CTeSP e pretendes continuar a tua caminhada no Ensino Superior? Fica a saber que os portadores do diploma de Técnico Superior Profissional podem seguir com os seus estudos, ingressando em ciclos de estudos de licenciatura e mestrados integrados de mestrado candidatando-se através de um concurso especial próprio.
No entanto, poderás não ter de participar neste concurso, caso tenhas concluído o CTeSP na instituição de ensino superior a que estás a concorrer ou tenhas tido aprovação, no âmbito do curso, “em disciplinas da área da prova de ingresso que tenham o nível adequado”.
Em declarações ao Público, em 2019, o antigo secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, responsável pelo lançamento dos CTeSP, explicou que o “objectivo dos CTeSP não era ser um canal de acesso ao ensino superior”, pois não era para isso que tinham sido “desenhados”. Estes tinham intenções profissionalizantes e procuravam que mais pessoas com qualificações superiores entrassem no mercado de trabalho.
Dados obtidos pelo Público na mesma reportagem, ilustram que muitos alunos prosseguem os estudos depois de concluírem os CTeSP, dando como exemplos os diplomados da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique onde todos os diplomados continuaram a estudar. Outras instituições com indiciadores elevados mencionadas foram os politécnicos de Castelo Branco (76%), Bragança (75%), Santarém e Viana do Castelo (ambos com 73%).