Terminadas as aulas, a Grow uP Arena é, para muitos estudantes, um local de oportunidades. O espaço, equipado com computadores de gaming, assume-se como muito mais do que uma sala de jogos eletrónicos. Para os utilizadores, esta sala na Casa da Juventude de Sintra é a possibilidade de, fora do tempo de aulas, não estar na escola, sozinho em casa, ou até na rua – reunindo ali jovens de diferentes idades, com o propósito de passar tempo a jogar, seja como passatempo ou projeto de vida.
“Os jogos juntam pessoas muito diferentes, de classes sociais e culturas diversas, e essa diversidade é que faz com que os jogos tenham um papel muito educativo e, de certa forma, agregador”, conta fundador da associação Grow uP Esports, Telmo Silva. Este projeto nasceu em 2002 e constituiu-se, anos mais tarde, como associação juvenil sem fins lucrativos. Atualmente, tem no projeto Grow uP Arena um dos seus principais focos de trabalho – um espaço que se caracteriza por ser aberto ao público e sem custo para os utilizadores.
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“Enquanto projeto, sempre tivemos um lado pedagógico e fomos percebendo o impacto que estávamos a ter na vida dos jovens que pertenciam à associação”, explica o fundador, antes de acrescentar: “Vimos que o gaming era mais do que os jogos em si”.
Ir “além do jogo”
Para Lucas Pinto, de 15 anos, a Grow uP Arena é paragem obrigatória todos os dias, porque gosta da área e dos coordenadores. “A ‘Arena’ já me deu muitas oportunidades”, revela o estudante, explicando que impulsionou, também, a vontade de querer esforçar-se na escola.
«Os jogos juntam pessoas muito diferentes, de classes sociais e culturas diversas, e essa diversidade é que faz com que os jogos tenham um papel muito educativo e, de certa forma, agregador»
Telmo Silva, Fundador da associação Grow uP Esports
Para os pais de Lucas, os jogos não eram vistos com bons olhos. Antes da Grow uP Arena, o estudante jogava apenas um jogo, que tinha um impacto negativo no seu comportamento, conta o responsável pelo espaço, Diogo Cunha, que faz um acompanhamento individual de todos os estudantes utilizadores: “O Lucas entrou aqui a pés juntos e hoje é um exemplo de pessoa”.
Esta evolução, acrescenta, deveu-se ao facto de, na Grow uP Arena, Lucas ter encontrado jogos que o mudaram, nomeadamente no que diz respeito ao comportamento em casa. “O Lucas é um caso bastante positivo”, explica Diogo, uma vez que o exemplo do estudante “mostra a outros que isto vai mais além do jogo”, evidenciando as competências adquiridas, a melhoria do comportamento e o sucesso escolar.
De acordo com os responsáveis do projeto, o espaço tem vindo também a mudar a perspetiva de muitos pais sobre o gaming, por verem ali uma oportunidade para os filhos, um local que lhes permite criar novas ligações e adquirir competências para a vida. “Ao partilhar aqui estes momentos com outros jovens, desenvolvem várias competências fundamentais para a vida”, como trabalhar em grupo e assumir o papel de liderança de uma equipa, sublinha Telmo Silva.
A história da “Arena”
Inaugurada em 2021, a Grow uP Arena surge de uma parceria entre a Câmara Municipal de Sintra e Associação Grow uP Esports. Desde muito novo, Telmo Silva tinha a vontade de desenvolver um espaço na região de Sintra, onde cresceu. Ao longo dos anos, foi “batendo à porta” até que, um dia, a porta da Casa da Juventude se abriu para o projeto.
A Grow uP tem o prazer de anunciar a entrada dos mais recentes streamers do mês de Março. Com conteúdos variados vêm mostrar do que são capazes, aproveita e vem conhecer cada um deles:
— Grow uP (@growupesports) April 22, 2023
Nelsonstriker
Naresk@ManagerVeiga
Vandinha_gamer@tsuderee_ @aoguritchi #WeGrowuPTogether pic.twitter.com/MxlH0xdpix
O espaço em si é visto pelo fundador como apenas uma parte do projeto, destacando o papel essencial da triangulação estabelecida com os pais e professores. Levar os jovens até à “Arena” não foi uma tarefa difícil – só num ano, mais de 5000 jovens passaram pelo espaço. Contudo, era importante, explica Telmo Silva, trazer também outros elementos da comunidade escolar como os professores e os pais. “Temos de educar, não só os jovens, mas também os pais e os professores para os benefícios e mais-valias que os jogos podem trazer”, acrescenta.
A associação implementa um modelo de discriminação positiva, em que aqueles que têm boas notas ganham mais horas no seu banco de horas de utilização da Arena. A ideia de pertença permite que aquele seja um espaço aberto, com material sempre disponível, onde o cuidado na utilização é um dos pontos sublinhados. Nos próximos anos, o objetivo passa por alargar o projeto a nível nacional, para apoiar jovens de todo o país. “Em vez de eles estarem na rua a fazer coisas que possam ser mais perigosas, estão num ambiente seguro, controlado. E é por isso que a associação tem este papel importante”, conclui Diogo Cunha.
