Imagina uma unidade de moagem, para a indústria de panificação e fabrico de pão. Há grãos que entram, produtos que saem. Pelo meio, há subprodutos que podem ficar pelo caminho – a sêmea ou a farinha forrageira são alguns exemplos. A pergunta revolucionária que está na base da Economia Circular é apenas: “E se utilizássemos estes ‘desperdícios’?”.

Neste campo, os cereais são um bom exemplo. Tal como o é a indústria da Alimentação Animal: uma indústria que nasceu há cerca de 50 anos, precisamente a partir do aproveitamento dos produtos da moagem, como o aproveitamento da sêmea de trigo, ou os bagaços, resultantes da extração das sementes oleaginosas. Um estudo do Engenheiro de Produção Animal, Mário Picoto Pereira, reflete sobre a importância da Economia Circular neste setor, uma vez que “a transformação de subprodutos agroalimentares pode gerar valor, pode alimentar uma outra cadeia produtiva, os animais de produção”.

blur close up crop 164504


Mas qual exatamente a oportunidade que encontramos? A produção de alimentos gera grandes quantidades de resíduos ou subprodutos que podem ser aproveitados na alimentação de animais. Esta reutilização permite, de acordo com Mário Picoto Pereira, “aumentar a produção”, “melhorar a economia”, “melhorar a qualidade de vida das famílias”, “aumentar o número de postos de trabalho” e ainda “preservar e respeitar os recursos naturais do planeta”.

Por essa razão, esta é uma prática comum no setor da Alimentação Animal, em Portugal, de forma a contribuir para o crescimento equilibrado das explorações agrícolas e pecuárias. Também a nível europeu, estas medidas são vistas como vitais para o desenvolvimento económico e sustentabilidade ambiental.

Farinhas resultantes de produção de bolachas ou da moagem de trigo (como a sêmea de trigo), por exemplo, são utilizadas para a produção de rações. “Com a utilização destes novos ingredientes, conseguimos, simultaneamente, contribuir para a economia circular e reduzir a pegada de carbono das nossas explorações”, destaca a IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais. De referir que estes coprodutos das indústrias agroalimentares já representam cerca de 36% das matérias-primas utilizadas nesta indústria.

 

food health plate 414553


UE promove Economia Circular

Todos os anos são produzidos 2,5 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia. Por essa razão, o Parlamento Europeu destacou recentemente o tema da Economia Circular. De acordo com esta informação, a legislação europeia está a atualizar a sua legislação relativa à gestão de resíduos.
De acordo com esta fonte, estas medidas podem significar poupanças no valor de 600 mil milhões de euros – 8% do volume de negócios atual das empresas da EU – e a redução das emissões anuais totais de gases com efeito de estufa entre 2 a 4%.