Depois de uma licenciatura e um mestrado em Gestão, cuja tese abordou o empreendedorismo nos Açores, local onde nasceu, o André não quis deixar a ideia morrer e por isso decidiu explorar o que acredita ser um “estilo de vida”. Conhece mais pormenores acerca deste jovem empreendedor e da sua tour, que começa já no início de fevereiro.

Forum Estudante (FE): Como surgiu esta ideia de ir “explorar” o empreendedorismo a uma escala mundial?

André Leonardo (AL): Eu tive esta ideia, ainda que não exatamente sobre isto, há cerca de dois anos e daí para cá tenho vindo a desenvolver uma série de iniciativas em prol do empreendedorismo. Organizei duas conferências internacionais nos Açores, cada uma delas com 600 pessoas, na Ilha Terceira. Foi lá o Garret McNamara, empresários de Silicon Valley, uma série de personalidades. Em simultâneo com isso também tinha que fazer a minha tese de mestrado. Então eu queria fazer uma coisa que fosse útil. O tema que decidi desenvolver na tese era: "Empreendedorismo nos Açores: como, onde e porquê". O que quis saber foi, nos Açores, que lugares, que pontos fracos e que riquezas é que teriam maior potencial para o empreendedorismo. Cheguei a quatro áreas: tecnologia, energias renováveis, turismo, agricultura, pesca e pecuária. E então fui aos quatro melhores lugares do mundo destas áreas, entrevistar empreendedores, políticos, empresários e trazer uma série de soluções para os Açores. Isto já foi um género de um minitour, já foi um bocadinho a viagem: já entrevistei mais de 70 pesssoas, já visitei 25 países também numa perspetiva de mochila às costas, fui conhecendo as pessoas e fiz os contactos. Isto também serviu de mote para este projeto. 

FE: Quais os principais objetivos deste projeto?

AL: Este é um projeto social que tem três vertentes. Tem dois objetivos muito grandes: inspirar as pessoas a fazerem mais e promover Portugal no mundo. Tem ainda uma outra vertente que foi iniciada recentemente: eu vou estar como voluntário na Índia, na Sapana que é uma organização não governamental portuguesa. Vou ser voluntário com eles. Depois desta viagem, resulta um livro do qual uma parte dos livros reverterá para a associação Acredita Portugal. É um projeto social, todo ele do princípio ao fim.

FE: O que é que é, para si, ser empreendedor? Do que é que vai à procura?

AL: Eu acredito que o empreendedorismo não está só ligado aos negócios. Fala-se muito em empreendedorismo nos negócios, toda a gente tem essa palavra na boca. Eu refiro-me à palavra empreendedorismo apenas para demonstrar o que acredito ser um estilo de vida, uma forma de ver as coisas e de estar. Eu vejo o empreendedorismo como uma atitude, seres ousado e teres um bocado mais de à vontade para dares a volta, teres uma atitude positiva. É realmente ires em frente com os teus sonhos e aquilo em que acreditas. E essa atitude pode ser “utilizada” nos negócios: “eu agora quero montar uma empresa nova e como é que eu vou fazer, tenho que dinheiro, recursos e tenho que ir para a direita e para a esquerda”. Mas não é exclusivo desta área, tanto é que eu neste projeto não entrevisto apenas empresários, no outro dia estive com um futebolista profissional, vou estar também com cantores. O que eu quero é pessoas que tenham espírito empreendedor, uma atitude boa e ousada.  Eu vejo o empreendedorismo assim: não tanto como algo inato e exclusivo dos negócios, mas como uma atitude life style. 


FE: Já tem uma rede contactos pré-estabelecida ou vai à aventura?

AL: Eu vou estar com três tipos de pessoas: conhecidas, que já têm o seu trajeto feito e alguma maturidade para trás e conseguem-me dizer exatamente qual é o ponto chave, qual foi aquele ponto em que estavam quase a desistir e depois deram a volta. O segundo grupo de pessoas são as que estão agora a começar o seu projeto ou start-ups, ou seja, pessoas que estão agora a iniciar a sua vida, montaram agora um projeto novo e vou saber como é que elas montaram este projeto à escala. Aqui já não são empreendedores conhecidos, estamos a falar de coisas pequeninas que começaram com 2000€, como é que se juntaram – foi na garagem, foi na garagem do pai? E por fim, vou também estar com o ecossistema empreendedor, ou seja, professores de empreendedorismo, universidades: perceber um bocadinho o que é que estas realidades tão diferentes têm, qual é o contexto.

FE: Já vai com as entrevistas marcadas?

AL: Já vou com cerca de 100 entrevistas marcadas, aliás algumas já se realizaram cá em Portugal. Mas também tenho tempo livre para estar no país. A minha experiência também me diz que é muito normal, por exemplo, que eu te vinha aqui entrevistar e tu no final da entrevista dizes-me assim “André, olha tenho um amigo que tem um projeto xpto, espetacular: não podes sair do Cambodja sem falares com ele. Vou-te já dar o contacto dele, ele até vem ter contigo amanhã”. E essa história pode ser incrível e posso estar a perdê-la. Portanto já vou com coisas marcadas mas há ainda muito espaço para esta aventura, que também faz parte.

andréleonardo rota

FE: Qual é o plano de viagem?

AL: A viagem na verdade já começou a 19 de novembro. Comecei por percorrer Portugal de norte a sul e está previsto sair de Portugal no princípio de fevereiro. Vou estar em 18 países, nove meses. Vou estar em realidades muito boas a nível de empreendedorismo como nos Estados Unidos, no Canadá e em realidades menos boas como são Tanzânia, Moçambique, Cambodja. E, na verdade, a essência deste projeto é mostrar como é que empreendedores, pessoas de todo o mundo ultrapassam dificuldades, como é que eles atingem o sucesso. É mostrar o trajeto de todos estes empreendedores, independentemente do contexto em que estão, que têm obviamente diferenças.