Aproveitando a passagem do realizador britânico pelo festival e pelo nosso país, a Forum esteve à conversa com Peter Webber sobre o seu novo filme, “Imperador” (estreia hoje nas salas de cinema portuguesas) e sobre os seus futuros projetos. Peter é uma pessoa muito simpática e descontraída, que realmente sabe do que fala. Os seus filmes são exemplo disso mesmo, por isso foi um absoluto prazer falar com ele sobre o seu novo projeto.

Forum Estudante [FE] – O que nos pode dizer sobre o filme “Imperador”, um épico histórico que conta com Tommy Lee Jones e Matthew Fox no elenco?

Peter Webber [PW]– O filme passa-se no Japão em 1945, no final da 2ª Guerra Mundial. Por esta altura, o Japão foi reduzido a escombros e os Estados Unidos da América assumem o controlo do país. O governo americano tem por isso que decidir o que é que vai fazer a seguir, em termos de reabilitação do país. A principal questão na cabeça dos líderes americanos é saber se devem condenar o Imperador Hirohito à morte, ou se o mantêm vivo e poupam-no a um julgamento humilhante. Eles têm que decidir isto o mais rapidamente possível, porque esta decisão marcará os seus procedimentos futuros. É portanto um filme sobre guerra, mas também sobre paz, justiça, vingança e temas semelhantes. Na realidade, o filme é, para mim, uma forma de analisar a política de relações externas dos Estados Unidos da América, porque ao olhar para o que aconteceu no passado, podemos também compreender o que aconteceu num passado recente no Afeganistão ou no Iraque, porque na base de todos esses conflitos esteve uma mudança de regime. Eu acho que os norte-americanos geriram muito bem o final da 2ª Guerra Mundial e a Ocupação do Japão. Eles acabaram por tomar boas opções que, infelizmente, não foram repetidas nos últimos anos, já que a América não soube gerir tão bem a situação no Iraque ou no Afeganistão. É uma situação contraste que, por acaso, cria uma boa comparação.

FE – Há também uma história romântica no filme. É inteiramente ficcional?

PW – Há sim, mas não é inteiramente ficcional, é semi-ficcional. Existem algumas cartas reais que dão a entender que existiu um romance similar na vida real entre o General Bonner Fellers e uma mulher japonesa. O romance que é retratado no filme é, portanto, baseado numa certa realidade.

FE – O filme aborda a relação entre americanos e japoneses no pós-Segunda Guerra Mundial, e tem como protagonista o General Douglas MacArthur, que, na vida real, foi uma figura bastante polémica entre os americanos, porque os americanos queriam executar o Imperador e o general pensava doutra forma.

PW – É verdade. Uma vasta maioria dos americanos queriam a morte do Imperador e muitos fizeram questão de pedir isso ao presidente americano. É compreensível, porque os americanos estiveram sujeitos, durante a guerra, a muita propaganda militar que “vilanizou” os japoneses e o Imperador. A guerra foi muito difícil para ambos os lados, e os japoneses cometeram muitas atrocidades que não caíram nada bem aos americanos, portanto o público queria vingança. O que é interessante verificar no filme é que vemos como o MacArthur não toma de imediato a atitude mais popular e que lhe traria mais benefícios políticos. Ele prefere tomar uma decisão bem ponderada, que lhe permita recuperar e reabilitar o país.