Após o sucesso no Brasil, o espetáculo estará em cena no Porto, a 27 e 28 de novembro, no Teatro Sá da Bandeira, e em Lisboa, de 4 a 6 de dezembro, no Teatro Tivoli BBVA. Gisberta tem direção de produção de Claudia Marques, texto de Rafael Souza-Ribeiro e direção de Renato Carrera. O preço dos bilhetes oscila entre os 12€ e os 22,5€.

Ao mostrar ao público a vida de Gisberta Salce Junior, desde a infância e a adolescência, vividas em São Paulo, até à mudança para Portugal, já com 20 anos, num momento em que escalava uma vaga de homicídios a transexuais na sua cidade-natal, esta peça pretende «manter içada a bandeira da tolerância». Tragicamente, 25 anos depois de ter atravessado o Atlântico, Gisberta acabaria vítima dos ódios que a fizeram fugir do Brasil, num caso chocante, fortemente mediatizado. Esta tragédia acordou a sociedade portuguesa para o debate de temas que afetam pessoas LGBTQ (Lésbicas, Gay, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros).

Gisberta, a peça, funde política, história, música, teatro, humor, poesia e ficção. Gisberta, a pessoa que passou de diva transexual da célebre "movida" do Porto a prostituta sem-abrigo e seropositiva, é aqui recordada ora de forma poética, ora documental, sendo que alguns dados são ainda inéditos para o grande público português.

 

ENTREVISTA
"Não acredito que os haters sejam a maioria"

Como surgiu a ideia deste projeto?
Conheci através da música Balada de Gisberta, uma composição de Pedro Abrunhosa e interpretada por Maria Bethânia. Tocado pela canção e a fim de saber exatamente do que se tratava, fui pesquisar e então me deparei com sua história. Fui arrebatado! Por coincidência isso aconteceu no dia em que se completavam 10 anos da morte dela. Ao decidir fazer a peça, desde o início entendi que não iria interpretar Gisberta, mas sim contar sua história. E assim é: Não a interpreto, mas dou voz a várias personagens que conviveram com ela tanto no Brasil, como na Europa.

O mundo está cada vez mais intolerante? Como podemos mudar essa tendência?
Engajando-nos a causas sociais urgentes. Não acredito que os haters sejam a maioria mas tornam-se quando omitimos nossas opiniões, ações e votos. Não acho que todo mundo deve ser militante mas informar-se com responsabilidade já é um início. Usar as redes sociais com moderação é um caminho. E ocupar os teatros, museus e espaços públicos é fundamental. Há uma política do medo sendo imposta e não devemos ceder. A cidade é nossa e os encontros são revolucionários.

A Arte deve ser uma arma?
A arte é uma lanterna, um cobertor, um escudo, uma joia mas arma não. No mundo atual o que menos precisamos é mais armas. No Brasil há o projeto de armar a população e isso pode ser catastrófico numa sociedade com tantas disparidades sociais, crime organizado e ideais neofascistas em alguns setores. A arte nesse momento deve iluminar cabeças, cobrar responsabilidade de um olhar para a História e causar empatia.

 

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