Licenciado em Publicidade e Marketing pela Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, foi no teatro universitário que deu os primeiros passos para o humor e representação.

Durante dez anos trabalhou numa agência, enquanto produzia sketches para a “A Revolta dos Pastéis de Nata” ou “Caia quem Caia”, dando os primeiros passos em televisão. Atualmente é apresentador do programa “5 para a Meia-Noite”, tendo já feito locução para anúncios publicitários e um filme.

Forum Estudante (FE): Formaste-te em Marketing e Publicidade na ESCS. Como é que fazes a passagem para a televisão?

Pedro Fernandes (PF): Foi através do grupo de teatro que se formou na minha faculdade quando eu a frequentava, por volta do 3º ano.

Estive no sítio certo, na hora certa muitas vezes e durante uma apresentação do grupo de teatro, lá na faculdade, estava o diretor da RTP2. Na altura, o Manuel Falcão estava na plateia e ele achou muita graça ao que nós tínhamos feito de improvisação e convidou-nos a apresentar para um programa piloto, para a rtp2. Foi o que nós fizemos, pegámos numa handycam, fizemos um programa-piloto com alguns sketches já escritos por nós. Eles gostaram de algumas coisas que nós tínhamos feito e deram-nos um espaço, a mim e aos meus colegas na altura, na” Revolta dos Pastéis de Nata”. A partir daí, fomos saltando de programa em programa até chegar hoje ao “5 para a Meia-Noite”.

FE: Nessa altura, já pensavas numa carreira ligada à televisão?

PF: Não, nada. Foi acontecendo. Eu ainda tive um emprego dito normal, das 9h às 18h, como designer gráfico, nunca consegui ser copy publicitário porque a minha vida em termos de oportunidades de emprego nunca me levou para aí, apesar de ser o meu grande sonho em termos profissionais, ou era na altura. As oportunidades foram aparecendo na televisão, era um hobby para mim. Trabalhei durante dez anos numa agência até que deixei de conseguir conciliar as duas coisas e fui gentilmente convidado a sair da agência, passados dez anos porque passava lá muito pouco tempo. Mas a verdade é que eu sempre tive a abertura do meu patrão para ir fazendo estas outras coisas ditas mais artísticas, dentro do horário de trabalho. Eu perguntava “preciso agora de ir ali gravar uma locução ou preciso de ir gravar um sketch” e ele sempre me deu essa abertura para eu ir : “desde que mantenhas o telefone ligado, vai lá. Mas se eu precisar de ti, atende”. E às vezes não conseguia mesmo atender, ligava logo a seguir mas era um stress, era muito complicado gerir as duas coisas.  E quando eu percebi que conseguia até ganhar mais como artista do que propriamente como designer gráfico, foi um momento que tive que saltar da agência e tenho-me estado a dar bem.

Pedro fernandes 2FE: Atualmente fazes guionismo, apresentação, humor e até representação. O que é que preferes?

PF: É muito difícil escolher porque tenho a felicidade de todas as coisas que eu faço me darem imenso gozo fazer. Fiz agora um filme que estreou : “Eclipse em Portugal” que me deu imenso gozo fazer, foi só um mês mas foi uma coisa muito intensa e fez-me um bocadinho sentir saudades do teatro. Agora tenho um convite para fazer outra peça, lá mais para o fim do ano, um texto do Edson Athayde, que ainda vai ser trabalhado.

Depois, o “5 para a Meia-Noite” preenche-me em todos os níveis porque sou eu que escrevo o programa, sou eu que escolho os convidados, sou eu que escolho as bandas que vão lá atuar. Eu tenho ali uma hora por semana onde posso fazer tudo o que me apetecer e não há outro programa na televisão que te dê essa liberdade. Todos os outros programas são programas muito formatados em que tu vais para lá e lês um teleponto e as coisas estão pré-definidas como vão acontecer. E o “5” dá-me essa liberdade, também me dá muito trabalho porque é uma hora por semana mas a mim demora-me o resto da semana a escrever o programa. Não consigo escolher o que é que me dá mais prazer ou não porque tenho essa felicidade de tirar prazer de tudo o que eu faço hoje.

FE: E para além de tudo o que já fazes, há alguma coisa que ainda gostasses de alcançar a nível profissional?

PF: Se tiver essa possibilidade, ainda gostaria de experimentar ser copy publicitário. Há muitos dos sketches que eu faço no “5” em que tento usar um bocadinho dessa linguagem publicitária. Há uma regra que eu nunca me esqueço, que aprendi no meu curso: “keep it simply stupid”. Foi uma coisa que nos ensinaram na Escola Superior de Comunicação Social, em Publicidade e eu acho que isso também é uma ferramenta muto importante para escrever humor para a televisão. Acho que as coisas têm que ser diretas, têm que ser simples e têm que ser de perceção imediata para funcionarem.

E eu contra mim falo porque às vezes estou a escrever um sketch e, por exemplo, ainda na semana passada escrevi um que tinha sete páginas. Eu sei que aquilo não funciona em televisão porque é muito tempo, mas como o programa é meu e eu posso fazer o que me apetece, eu vou fazer o sketch com sete páginas de qualquer forma, nem que o tenha que dividir em duas partes. Mas sabendo já, de antemão, que não vai funcionar, não será um vídeo viral, é uma coisa mais de narrativa.

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