Passavam poucos minutos das 10 da manhã, durante a primeira atividade do quinto dia de Leiria-In, quando a estudante Ângela Rosa chorou de alegria. O motivo? As boas notícias que, entretanto, chegavam. Tal como outros 160 mil estudantes, Ângela conheceu hoje as classificações obtidas nos exames nacionais. "Tive boas notas nos exames de Português e Matemática", revela.

A emoção proveio também da dificuldade acrescida que garante ter sentido, sendo aluna de um purso Profissional, explica: "As provas de ingresso são iguais para os cursos científico-humanísticos e profissionais, mesmo tendo em conta que, no Ensino Profissional, não estudámos as matérias dos exames nas aulas". "Foi também por isso que fiquei tão contente", reforça. 

O próximo passo chegará em breve: "Vou candidatar-me ao Ensino Superior, durante a próxima semana". A escolha do curso está decidida há algum tempo, tendo por base o seu gosto por Engenharia Mecânica. A dúvida, para já, está em escolher a instituição de ensino superior em que continuará os estudos. Para trás, em princípio, ficará Évora e o Alentejo. "Queria ficar no Alentejo, embora pense que terei de sair. Mas ainda vou avaliar as minhas opções", conta.

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Ângela Rosa tem 19 anos e conheceu as suas notas nos exames nacionais durante a Leiria-In. "Chorei de alegria", conta.

O gosto pela área da Engenharia Mecânica foi também o que levou Ângela a participar nesta semana: "Era a única Academia Forum a que escolhi candidatar-me". Agora que as atividades caminham rapidamente para o final, a estudante considera que a decisão foi acertada. "Foi uma semana muito interessante. Gostei especialmente das visitas às empresas industriais", salienta, antes de explicar o que mais a impressionou: "É incrível ver como o nosso país, não sendo grande, desenvolve projetos para todo o Mundo e para multinacionais de renome". 

Um jogo que não se vence

O quinto dia começou com um jogo do galo em que o oponente foi... um robô. "Quem conseguir ganhar, pode levar o robô para casa", garantiu o docente que recebeu os estudantes no Laboratório de Robótica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Carlos Neves. A confiança do professor está relacionada com uma certeza. "O robô nunca vai perder", revelou, explicando que a capacidade de computação permite à máquina analisar todas as jogadas possíveis, eliminando aquele que é o factor decisivo numa partida de jogo do galo - a distração. 

Este jogo foi um dos momentos incluídos na visita ao Laboratório de Robótica da ESTG. Durante a passagem por este espaço, os participantes puderam ficar a conhecer vários tipos de tecnologias aplicadas na Indústria. Para alêm da robótica e programação, destaque ainda para as técnicas de virtualização, automação e comando ou de realidade aumentada. "Espero que este contacto abra os olhos para a tecnologia: que os estudantes percebam que pode ser uma via interessante e que a escolham como área de formação", realça Carlos Neves. 

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Nas escolas portuguesas, o contacto com a área da Robótica é garantido, sobretudo, através dos clubes de Robótica. Grupos que, garante o docente, têm aumentado. Neste ponto, Carlos Neves destaca a importância do programa do Ministério da Educação neste âmbito, bem como de eventos como o Festival Nacional de Robótica, promovido pela Sociedade Portuguesa de Robótica. Um trabalho em linha com aquilo que perspetiva para o futuro do Ensino. "É importante que os jovens tenham contacto com as tecnologias cada vez mais cedo e que usem as mãos. Esse terá de ser necessariamente o caminho a seguir", concluiu. 

Dois minutos para  "o centro da vida"

Na Escola Superior de Saúde, o objetivo foi claro, revelou o docente João Frade, assim chegou o grupo de estudantes: "Ensinar algumas noções básicas de Suporte Básico de Vida". Estes conhecimentos poderão fazer a diferença em situações de paragem cardiorespiratória, mantendo a oxigenação das células cerebrais. "Tentamos evitar lesões do cérebro, é lá que se encontra o centro da vida", realçou, sublinhando que "as células cerebrais não têm capacidade regenerativa e só têm capacidade de viver sem oxigénio durante dois minutos".

As técnicas de SBV, explicou João Frade, "essencialmente, esmagam o coração entre dois ossos", fazendo o sangue circular, precisamente, no sentido referido. Antes de tudo, porém, a primeira regra é "garantir a nossa segurança, bem como a da vítima". Um caso exemplificativo, a este respeito, é o dos acidentes rodoviários, onde, por vezes, "pessoas que tentam socorrer se tornam elas próprias vítimas". "Por essa razão, a segurança é a regra básica", reforçou. Apenas a partir daí, se passa a avaliação do estado de consciência, perguntando à vítima se sente bem, como se chama ou se sabe onde está, por exemplo.

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Ainda antes das manobras de Suporte Básico de Vida, o docente referiu a importância de conhecer o conceito de Posição Lateral de Segurança. Os benefícios da PLS são múltiplos, explicou João Frade: a facilidade de ação por parte de quem presta socorro, a garantia da desobstrução da via respiratória e a libertação da caixa toráxica e dos membros superiores são alguns dos principais exemplos. As manobras de SBV devem parar apenas em três situações, explicou: se a vítima voltar a respirar, se chegar ajuda especializada ou se houver um caso de exaustão de quem presta o socorro.  

 

Pilotos de estacionamento

Parte do estacionamento do Campus 2 do Politécnico de Leiria encontrava-se fechado, desde manhã. Esse espaço foi reservado a outra das atividades da manhã, com a oportunidade oferecida aos estudantes de pilotar um kart elétrico. O modelo Izi-Flex foi desenvolvido em parceria entre o Laboratório de Mecâmica e Engenharia Automóvel e a empresa EuroIndie, conta o técnico deste laboratório, Diogo Costa. O objetivo era a construção de um veículo para utilização em provas. Entretanto, depois de encontrada a tecnologia, a empresa já criou três versões posteriores. 

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Para o antigo estudante do Politécnico de Leiria, hoje diplomado, o contacto com esta tecnologia serve para "promover o contacto com um veículo elétrico". Para além da dimensão ambiental envolvida, Diogo Costa destaca o conhecimento das vantagens da utilização desta tecnologia em competição: "Em espaços indoor, por exemplo, sente-se umag grande diferença no barulho e no fumo". "Já para não falar do binário, que torna a condução mais interessante", reforçou, aludindo à capacidade de arranque superior de um veículo elétrico face a um motor de combustão. 

Durante cerca de 45 minutos, os estudantes puderam fazer as curvas improvisadas deste espaço, compreendo também a relação entre mecânica e informática. Com um comando, o técnico definia a potência disponível. Para espanto dos condutores, a capacidade nunca passou dos 30%. 

A tarde começou no Mariparque, onde foi possível, apesar do tempo cinzento, mergulharam e escorregaram em manobras mais ou menos estilosas. Depois do regresso a Leiria, foi altura de fazer os últimos ensaios, antes do sarau de encerramento, durante o qual cada equipa apresentará o seu trabalho. 

 

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O final é apenas o começo

Cinco dias e dezenas de atividades, com 20 empresas, dois centros de investigação e cinco escolas superiores visitadas. É este o balanço da Academia Leiria-In 2019. Por trás dos números, ficam as novas amizades formadas, destacadas pelos participantes durante as suas atuações, na sessão de encerramento. Cante Alentejano, música popular portuguesa, reggaeton, teatro e até muito humor formaram a receita das criações dos estudantes. 

"Esta semana foi enriquecedora, em primeiro lugar, a nível cultural: pude conhecer a cidade de Leiria, que é uma cidade muito bonita", realça Inês Baptista. Por outro lado, acrescenta a estudante, esta foi uma forma de contactar com a realidade tecnológica e industrial desta cidade. "Percebi que Leiria é uma cidade orientada para o futuro", reforça.

O espetáculo terminou, o vídeo que resume a semana arrancou os aplausos da audiência. "Esperamos que esta semana fique na vossa memória", destacou o Diretor da Forum Estudante, Gonçalo GIl, antes de concluir: "Que nunca esqueçam os momentos que passaram e as amizades que fizeram aqui". 

 

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