Não apenas um mas múltiplos desafios aguardavam os participantes, na EST/IPS. Depois da receção e da visita às instalações desta escola superior do Politécnico de Setúbal, os estudantes foram divididos em grupos mais pequenos, passando rotativamente por estações com diversas atividades. 

Se num laboratório a proposta era, literalmente, fazer um fio de nylon, noutros o desafio passava por tarefas como identificar bactérias, decompôr cadeias de ADN, desenhar um cubo tridemensional ou participar na transformação de petróleo. Em comum, explicou a subdiretora da EST, Raquel Barreira, as atividades tinham um objetivo: “mostrar aos estudantes o que podem encontrar nas nossas formações”.

Os desafios propostos, acrescentou, são representativos da oferta formativa desta escola, sendo divididos pelas áreas de Engenharia Civil, Tecnologias do Petróleo, Biotecnologia e Bioinformática. Por essa razão, os grupos puderam utilizar os equipamentos dos diversos laboratórios da EST.

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Para ilustrar a licenciatura em Engenharia Civil, a EST propôs aos estudantes utilizar o AutoCad – uma ferramenta essencial nesta área de atividade.Através desta experiência, realçou Raquel Barrinha, o objetivo passa também por mostrar uma outra dimensão do trabalho realizado por um engenheiro civil. “Os estudantes podem associar a profissão apenas ao controlo de obras e queremos mostrar a vertente do trabalho de gabinete, de criação do projeto”. 

Outra das estações tinha como foco uma das adições mais recentes da oferta formativa da EST: a licenciatura em Bioinformática. O curso caminha para o segundo ano de existência e, segundo a subdiretora, os resultados são satisfatórios. As vagas foram completamente preenchidas e “os alunos registam um excelente desempenho e oferecem um feedback muito positivo” .

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De resto, as áreas “bio” são, atualmente, de acordo com Raquel Barreira, muito procuradas pelos estudantes. Um dado que é ilustrado pelo facto do curso mais popular da EST ser o curso de Biotecnologia – uma formação com que os participantes da IPStartupWeek também tiveram oportunidade de contactar, investigando o mundo de bactérias e de proteínas de DNA.

Noutro dos pontos do laboratório, um grupo de estudantes encontrava-se junto a um cartaz onde se pdia ler: “Há Petróleo na EST-Barreiro”. A informação não diz respeito ao “ouro negro” mas à licenciatura de Tecnologias do Petróleo – a primeira criada no ensino superior público português.

A aposta estratégica, explicou a subdiretora, baseia-se, em parte, na proximidade a Sines e foi consolidada através da junção de duas grandes áreas de conhecimentos – a Engenharia Civil e a Engenharia Química “Estas duas áreas permitem a especialização na prospeção e na refinação, respetivamente”, explicou.

Do laboratório ao campo
O final da tarde de hoje reservou ainda um percurso de oito quilómetros pelo coração da Mata da Machada. A viagem começou no Centro de Educação Ambiental, onde o engenheiro florestal, Nuno Cabrita, recebeu os participantes. A partir daí, a tarde fez-se pelos trilhos desta mata nacional, descobrindo a biodiversidade da fauna e flora local.

Um dos pontos salientados por Nuno Cabrita diz respeito ao combate das espécies invasoras. Plantas como a acácia ou o chorão de praia alastram pelos habitats “erradicando 98% a 99% da biodiversidade existente”. Por essa razão, na Mata da Machada, luta-se diariamente para manter o equilíbrio. 

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Neste combate, destacou o engenheiro residente, uma parte importante do trabalho é realizada por voluntários – de momento, contam-se cerca de 5000 colaboradores neste regime, desde 2014. A mesma lógica aplica-se para a vigia da floresta: para além dos vigias profissionais, é possível a qualquer jovem participar num programa do Instituto Português do Desporto e Juventude.

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Os incêndios e a sua prevenção não foram esquecidos, com Nuno Cabrita a explicar algumas das técnicas utilizadas que se observam em algumas das partes deste espaço verde. O objetivo, realçou, é “criar uma descontinuidade no combustível”, ou seja, “tornar o fogo mais lento, menos violento e menos impactante”.

À conversa com empreendedores
Depois do jantar, os participantes tiveram oportunidade de conhecer dois estudantes do IPS que desenvolvem projetos de empreendedorismo. Durante cerca de uma hora, alguns temas relacionados com a temática desta semana foram abordados, com os visitantes a partilharem o seu percurso e alguns conselhos com os participantes.

Conforme recordou a moderadora da sessão e colaboradora da IPStartUP, Elis Ossmane, o IPS tem nesta incubadora uma unidade dedicada “à promoção do empreendedorismo”. Durante o ano letivo, esta estrutura dinamiza workshops e atividades. O objetivo é “mostrar aos
estudantes que é possível fazer coisas únicas e diferentes”.

Um dos empreendedores presentes na sessão, Rodrigo Fernandes, está prestes a terminar a licenciatura em Engenharia Biomédica e encontra-se a desenvolver um produto na área da saúde: um dispositivo médico para corrigir lesões do pulso. Depois da ideia original, explicou, surgiram melhoramentos, como a adaptação a outros tipos de lesões e a especialização de um produto para equipas de futebol, por exemplo.

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A seu lado, David Sousa apresentou também a sua ideia de negócio – a produção de ração a partir de microalgas. A ideia surgiu ainda durante o curso de biotecnologia. Depois de um foco incial nos biocombustíveis, o projeto centrou-se no setor da agro-pecúaria, uma vez que as microalgas são “uma grande fonte de proteína”. Por outro lado, sublinhou, “este é um setor que movimenta, só na Europa, 70 mil milhões de toneladas de ração por ano”.

Ambos os empreendedores destacaram a importância de encontrar apoios e recursos adicionais que evitem a dependência de fundos próprios. Neste ponto, salientaram, é importante pesquisar fundos nacionais e europeus que apoiam projetos empreendedores. A importância de dominar a língua inglesa e de ser confrontado com as limitações do projeto foram também destacadas pelos empreendedores.