“Espero que esta seja uma das melhores semanas da vossa vida”. Foi com esta frase que o diretor da ESTM, Sérgio Leandro, recebeu os cinquenta estudantes do ensino secundário e profissional que participam, de 1 a 6 de setembro, na Semana Tanto Mar. Ao longo dos próximos dias, destacou, os participantes desta Academia Forum vão ter oportunidade de ver a forma como “o mar não está ligado apenas a vertentes como o desporto, mas também a áreas como conhecimento, inovação, história cultura ou economia”. No final, concluiu Sérgio Leandro, será possível “conhecer a verdadeira importância dos oceanos”, fazendo com que estes 50 estudantes se tornem “embaixadores do mar”.

 

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O primeiro dia esteve ligado à cultura e tradições de Peniche que estão intimamente ligadas ao mar. A primeira paragem realizou-se no Museu da Renda de Bilros, no centro de Peniche, onde os estudantes puderam conhecer esta técnica presente na região há mais de 400 anos, explicou a antropóloga Raquel Janeirinho. “É uma técnica de renda oriunda da Flandres, que chegou a Peniche por via marítima”, explicou.

Em entrevista à FORUM, Raquel Janeirinho explica que o objetivo desta visita passou por evidenciar a importância “deste património do ponto de vista identitário”, conhecendo “um pouco da história e identidade locais”. De resto, acrescentou, a renda de bilros é muito acarinhada pela população de Peniche. “Há uma ligação umbilical, as pessoas sempre viram familiares ou vizinhas a ´trabalhar na almofada´”, explicou.

 

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Um tesouro subaquático

O percurso dos estudantes pela cultura e património de Peniche prosseguiu pelo Ilhéu da Papoa, onde o arqueólogo da Câmara Municipal de Peniche, Rui Venâncio, se propôs a “dar a conhecer mais sobre a ligação de Peniche ao mar”, com destaque para a relevância da história trágico-marítima da região. Nesse sentido, os participantes puderam viajar até ao século XVIII, com uma passagem pelo local do naufrágio do San Pedro de Alcântara – um navio de guerra espanhol que transportava mercadorias oriundas do Peru.

Foi a 2 de fevereiro de 1786, numa noite de lua cheia e mar calmo, que a embarcação, transportando várias toneladas de metais preciosos, naufragou. O acontecimento marcou a comunidade de Peniche, à época uma pequena vila com cerca de 5000 habitantes, que acolheu um contingente de marinheiros espanhóis, prisioneiros incas e, mais tarde, mergulhadores vindos de toda a Europa, contratados pela coroa espanhola.

 

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Muitos dos sobreviventes e mergulhadores acabariam mesmo por se fixar em Peniche, explicou Rui Venâncio, destacando o impacto deste naufrágio na comunidade local. “É este o outro lado do mar, esta é uma zona com muitas navegações, que constroem uma história importante”, concluiu.


Uma sobremesa como aperitivo

Ainda antes de jantar, metade dos participantes da Semana Tanto Mar enfrentaram ainda um novo desafio: realizar um workshop culinário. O objetivo era simples – preparar uma sobremesa. Divididos em quatro grupos, os estudantes seguiram as indicações fornecidas pela docente da ESTM, de forma a confecionar um bolo de chocolate.

Depois de jantar, foi a altura de realizar as atividades de “quebra-gelo”, permitindo que estes estudantes, oriundos de todo o país, se possam conhecer melhor. As atividades continuam amanhã de manhã, com visita marcada ao Centro de Investigação CETEMARES, para várias atividades laboratoriais.

 

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